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domingo, 19 de junho de 2016

Wallon

Biografia e introdução
Wallon viveu seus 83 anos em Paris (1879-1962). Foi médico de batalhão durante a Primeira Guerra e trabalhou para a Resistencia na Segunda. Filiou-se ao partido comunista semanas depois que os nazistas fuzilaram Politzer. Presidiu a comissão que elaborou um projeto de reforma de ensino para a França de teor tão avançado que permanece parcialmente irrealizado. Wallon concebe o estudo como trabalho social mediato, e prevê para os estudantes a partir do segundo grau um sistema de pré-salários e salários.
Sua formação, tendo a marca da filosofia e da medicina, recebe frequentes inserções da psicologia na corrente do pensamento ocidental até suas origens gregas, e a preocupação permanente com a infraestrutura orgânica de todas as funções psíquicas que investiga.
A matéria-prima de seus estudos foram observações de mais de duzentas crianças doentes, casos de retardo, epilepsia, anomalias motoras em geral. Este material, colhido entre 1909 e 1912, só foi apresentado como tese e publicado depois da guerra (1925), quando a experiência clínica com adultos traumatizados renovou e aprofundou suas conclusões. Resultou disso L’enfant Turbulent, republicado na França em 1984, com prefácio de Tran-Thong, que insere suas conclusões no cenário dos trabalhos neurológicos recentes.
Sua psicogenética tem como ponto de partida o patológico. A utilização da doença como um elemento necessário à compreensão da normalidade fica assentada desde o início. Ele não atua apenas como medico preocupado que considera a doença uma experiência natural, a forma de experimentação mais apropriada à psicologia. Em sua concepção metodológica, à psicologia convém um tratamento histórico (genético), neurofuncional, multidimensional, comparativo. As funções devem ser estudadas evolutiva e involutivamente, partindo das suas bases neurológicas e comparando-as com suas equivalentes em diferentes espécies humanas em diferentes momentos da história humana individual e coletiva. É equívoco classificar de organicista sua proposta, visto que genético abrange a dimensão da espécie e abre espaço para incorporação dos resultados da “psicologia história”. E ainda para Wallon o ser humano é organicamente social, isto é, sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar.
O método adequando para a psicologia é a observação. Suas observações em L’enfant Turbulent são constituídas essencialmente pelo relato da conduta da criança em seu ambiente (no caso, o hospital), e alguns testes são utilizados, parcimoniosamente, apenas como forma de completar as estruturas retiradas da observação. Wallon concebe a psicologia como ciência qualitativa: não há preocupação nenhuma com a quantificação dos resultados. Quanto à analise, Wallon opta pela genética, única forma, a seu ver, de não deixar perder a integridade do objeto. 

L’enfante turbulent, obra germinal, contém em embrião todos os grandes temas que serão retomados e aprofundados: movimento, emoção, inteligência e personalidade. Falta apenas a perspectiva pedagógica, que mais tarde virá a pesar muito.

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