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quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Fundamentos Básicos na Dança

Apoio do Movimento

Os movimentos se efetuando em:
Bipedestação sobre os dois pés resultando deslocamentos em várias posições;
Unipedestação – sobre um só pé deslocando o corpo sobre um pé ou de um pé para outro como nos saltos.

Famílias de Danças

Transferências – da reação força/peso;
Locomoções e deslocamentos (passando pelas posições e bases de apoios);
Voltas passa pelos movimentos de translação;
Giros com movimentos de rotação axial;
Saltos - afastamento do centro de massa do corpo do centro de massa da terra (perda de contato com o solo);
Quedas – aproximação do centro de massa do corpo do centro de massa da terra.

Em relação às leis da física o peso do movimento é a relação de ajuste do corpo do centro de gravidade do mesmo para manter o equilíbrio (estático ou dinâmico) e ou a relação de peso estabelecida pelo centro de leveza do corpo (esterno, caixa torácica) que concorrerão para dar a sensação de força ou leveza do movimento.

Peso se relaciona com os graus de tensão ou relaxamento resistência usados no movimento para dar acento, ênfase ou neutralidade à execução do movimento.

Fatores básicos do Movimento

Peso

Peso é a energia, força muscular usada na resistência do peso do corpo; segue a lei da gravidade, superada pela atuação dos nervos e músculos, sistemas de alavancas (músculos agonistas e antagonistas); pela superação das forças horizontais resultante do centro de gravidade do corpo e as forças verticais resultando da gravidade – centro de força da terra.

Fator – Peso

É uma ação básica de esforço do movimento ligado aos dois elementos fortes ou firmes e leves ou toques suaves referem-se à resistência do corpo pesado ou leve.

A atitude firme resulta movimentos vigorosos, com consistência de resistência ao peso e de uma sensação de movimentos pesados. Consiste na sensação de ir contra si mesmo ou contra alguma coisa, de concentrar poder do corpo, de concentrar energia de impor, pela participação clara do uso do centro de gravidade do corpo.

A atitude leve consiste no esforço de uma resistência fraca ao peso de uma sensação de movimento leve ou pela ausência de peso. Consiste na sensação do ser carregado pelo ar ao minimizar o peso corporal, ao tentar contrapor-se à gravidade tendo como base o centro de leveza do corpo.

Atividades

Movimentos de alternância entre as duas atitudes, experiências resultantes do uso dos contrastes como pisar leve ou vigoroso, socar e acariciar.

Tempo

É o elemento necessário à observação das ações corporais que se processam durante um período de tempo e podem ser medidos com exatidão pelos seguintes aspectos:
Velocidade rápida, normal, lenta e outros que surgem à medida que permite o movimento suceder.
Ritmo acelerado, retardado, ralentado, moderado, presto, prestíssimo em relação direta com as sequências de movimento.
Pausa é a retenção do movimento por um espaço de tempo como no movimento em potencial.
Acento é a conotação de ênfase dado à execução do movimento e se expressa na unidade de tempo.
Unidade de tempo é a distribuição das sequências de movimento pela divisão dos mesmos pelos compassos: binário, ternário e quaternário da unidade de tempo proposta.

Fator Tempo

Consiste em unir a ação de esforço de duração rápida ou longa resultando uma sensação súbita ou instantânea, refere-se à velocidade de duração na passagem do movimento.

O elemento de esforço súbito resulta uma atitude apressada momentânea onde o esforço se passa num espaço curto de tempo ou uma sensação de instantaneidade de urgência ou de necessidade imediata. O elemento do esforço sustentado consiste em uma velocidade lenta, prolongada; é o movimento executado com uma sensação de mudança gradual de atitude lenta, de longa duração, prolongada ou sensação sem fim.

Aspectos elementares necessários à Observação de Ações Corporais no fator tempo


Velocidade
Rápida
Normal
Lenta
(Unidades de tempo)
          ♪.          
1    1^(1/2)       2
♪.         
3     4     6
     ♩.     o
8     12    16
Tempo: (relativo à sequências de movimento)
Presto
Moderado
Lento

Atividades

Uso de movimentos em experiências de rapidez e súbitos que envolvem o corpo como um todo ou partido mesmo (saltos, piruetas, contrações e torções rápidas do tronco).

A exploração da qualidade lenta pode se processar através de encontros ou separação de partes do corpo (gestos lentos e movimentos integrados ao ritmo respiratórios).

Espaço

É o lugar que o corpo ocupa na base chão ou ar executando formas (angulares, torcidas, circulares) com seu contorno de massa e/ou a expansão dos movimentos nos planos, direções, extensão e sentidos.

O sistema de alavancas permite o corpo tomar lugar no espaço fazendo com o que o mesmo alcance a distância e extensão do corpo nos:
Planos do corpo em relação ao espaço frontal, sagital e horizontal;
Nas direções do espaço – direita, esquerda, frente, traz, lado e suas 20 combinações pelo espaço pessoal kinesférico e global eu em altura e profundidade.

Fator espaço

Consiste em uma ação de esforço onde a atitude pode ser indireta, flexível ou direta percorrendo um caminho em linha reta, refere-se à direção do movimento em expansão ou plasticidade.

O elemento de esforço de uma atitude direta se traduz em movimentos com linhas estendidas no espaço em várias direções em diversos pontos do espaço, como uma consciência corporal global.

O elemento do esforço flexível pode ser explicado pelos movimentos ondulantes, gestos que envolvem o espaço circundante ao corpo ou sensação de estar em toda parte.

Atividades exploradas deverão ser criadas evitando limitações ou movimentos estereotipados.

Aspectos elementares necessários à Observação de Ações Corporais no fator espaço

Direções
Esquerda frente
Esquerda
Esquerda trás
Frente



Trás
Direita frente
Direita
Direita trás
Planos

Alto
Médio
Baixo

Extensões
Perto
Pequena
Normal
Normal
Longe
Grande
Caminho
Direito
Angular
Curvo
Tabela IV – Domínio do Movimento. (          RUDOLFO Von LABAN 1978:86)

Fluência

É o controle ou expansão do movimento ou das partes do corpo pelos centros nervosos em relação à reação de estímulos internos e externos. A fluência do movimento depende de uma coordenação neuromuscular mais fina e requintada para responder com precisão e clareza à execução dos movimentos sequenciais.

Fator influência

Consiste na expressão do movimento que estabelece relação entre o esforço da corrente interna do movimento e a sua execução externa; está em relação direta com o grau de liberação produzido pelo movimento considerado, sob o ponto de vista de sua dualidade subjetiva ou dos contrastes de ser livre na e da fluência do movimento, resulta do fluxo livre e contido.

O fluxo livre fluente, incontrolável é reconhecido em uma ação difícil de ser interrompida subitamente como em rotações, saltos, rolamentos; consiste em um fluxo libertado e na sensação de fluidez do movimento.

O fluxo contido, de fluência controlada, organiza-se numa prontidão interna para parar a ação a qualquer movimento dado cuja fluência parece fluir para trás, ou seja, numa direção contrária e da ação.

Atividade

Certas experiências de esforço pela ativação pela libertação do fluxo ou fluir para fora, em sequencias que envolvem correr, rolar, saltar, crescer, encolher – sem pausa entre uma ação a outra ação total como ocorre no movimento de uma substância fluida.

Aspectos elementares necessários à Observação de Ações Corporais no fator fluência

Fluxo:
Indo
Interrompendo
Detendo
Ação:
Contínua
Aos trancos
Parada
Controle:
Normal
Intermitente
Completo
Corpo:
Movimento
Séries de posições
Posições
Tabela – O Domínio do Movimento (RUDOLFO Von LABAN 1978:86)

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

O Condicionamento e Automatismo na Dança

Na Dança os condicionamentos e automatismos vêm após a execução consciente, sedimentada no esquema neuromuscular para a forma reflexa da execução dos movimentos.

Esta breve análise dos detalhamentos cientificamente pedagógicos, servirão como elo para atendermos os fundamentos técnicos da Dança: corpo, espaço, tempo, forma, movimento, dinâmica, ritmo.

O corpo humano é uma unidade que se movimenta graças ao seu sistema pelas reações nervosas que acionam os músculos por um circuito nervoso chamado arco-reflexo. As sensações do exterior são levadas aos centros neurais pelos nervos sensitivos ou aferentes onde se transformam em percepções e voltam pelos nervos eferentes ao fuso neuromuscular, exercitando o músculo que efetua o movimento.

O corpo humano possui duas possibilidades do movimento: as mecânicas e as motoras – é as possibilidades dos indivíduos de executá-lo com maior, menor habilidade e melhor ou pior nível de performance, dependendo de sua condição corporal anatômica-morfológica e graus de treinamento. Movimentos do corpo é, pois, uma função do mesmo.

Modificam situação anatômica extensional do corpo em dois movimentos: rotação e translação.

Rotação:
Interna e externa – partes pares do corpo.
Direita e esquerda – pastes ímpares do corpo.

Translação:
Flexão/extensão
Abdução/adução
Aversão/inversão

Rotação e translação que dão origem aos movimentos são os princípios mecânicos do comportamento motor.

Translação – movimento do centro de massa de um corpo em relação a qualquer referencial.

Rotação – movimento de um corpo em torno do eixo que passa pelo centro de massa desse corpo.

Retorno – movimento que faz voltar os segmentos ou partes de segmentos ao estado anterior da situação anatômica.

Rotações e translações podem ser executadas isoladas ou sucessivamente, simultaneamente e em combinações variadas da unidade e diversidade das situações anatômicas corporais.

Rotação:
Poderá ser executada pelo corpo;
Corpo como um todo, como nas voltas isoladas ou combinadas;
Poderá ser executada por parte do corpo, por segmentos e por partes de segmentos de formas isoladas ou combinadas.

Translação:
Poderá ser executada por partes, segmentos, partes de segmentos pelos movimentos de flexão, extensão, abdução em combinações ou isoladamente;
Corpo como um todo executado pelas famílias da dança, transferência, locomoções, saltos, quedas e elevações de formas isoladas e combinadas.

Movimento é um elemento constante no espaço e tempo. Um corpo está em movimento quando ele ocupa posições sucessivas no espaço, impulsionado por uma força.

O Universo está em constante movimento, desde a sua manifestação mais simples, o átomo, até a mais complexa, o homem nos seus movimentos lógicos (de fora para dentro) e antológicos (de descoberta de dentro para fora).

Segundo Sá Earp o movimento profissional é um meio do auto-aperfeiçoamento do físico, do mental, do emocional e do espírito e que deve ser à meta da Dança: simples, claro e perfeito.

De acordo com Marcos Dias, o movimento pode ser: real, natural, integral (participando espírito, mente, corpo e coração). O movimento resulta da atuação de forças em diferentes graus de intensidade produzindo deslocamento de um todo ou uma parte deste todo.

No corpo, o movimento resulta da atuação de forças internas – energia captada pela mente-emoção; e externas a manifestação desta energia pela reação do corpo provocando deslocamento do mesmo como um todo ou parte deste, todo dando origem às famílias da Dança ou pelos movimentos segmentares resultando angulações, retas ou curvas. É o Movimento Real que dá origem aos estados: movimento potencial e movimento liberado.

Estágios do Movimento

Movimento Potencial

O movimento em potencial contém a força dentro do contorno, predispõe para a liberação do movimento, pode escrever diferentes contornos ao expressar diferentes formas.

Movimento potencial latente é aquele que retém a energia. Esta fica concentrada não sendo liberada totalmente. É o caso da figura estática – contém a força dentro de um contorno. A força manifesta-se fisicamente sem causar deslocamento da massa muscular como um todo ou parte dos todos.

Movimento Liberado

Movimento liberado é aquele que extravasa a energia levada a uma realização máxima decodificando os contornos corporais ou os impulsionando e projetando-os para o espaço. O corpo projetado no espaço descreve trajetórias, direções, sentidos através dos deslocamentos e locomoções dentro de um tempo estabelecido e dinâmica variada.

O movimento na Dança, além do resultado físico da força empregado para o deslocamento da matéria, há uma força intrínseca resultante de reações psíquicas e emocionais atuando sobre o nosso corpo. A soma das duas forças determina desprendimento de energia e variações de tensões musculares. Estas diferenças de energia e variações de tensões provocam os seguintes aspectos do movimento: curva de execução, formas de execução, graus de intensidade de execução e graus de velocidade de execução. A energia, portanto, inicia, controla e para o movimento.

Curva de execução do movimento

Curva de execução do movimento ou arco de esforço do movimento:
Ictus inicial – início de desprendimento de energia para o início do movimento;
Clímax – há um certo controle e distribuição concentrada de energia – é o ápice do movimento ou pico do mesmo;
Ictus final – seria o escoamento da energia com parada do movimento.

(Nas pesquisas de Dory Humphrey o arco de esforço do movimento torna o nome de ascensão do movimento, queda do movimento e recuperação do movimento).

Formas de Execução

Os movimentos são executados associando uma ou mais qualidades em dimensões, proporções e combinações, variando a intensidade, tempo de reação e duração.

Movimento balanceado: são executados como pêndulos de relógio nos planos frontal (direita, esquerda) sagital (frente, trás) em diferentes níveis (para cima e para baixo); o acento de execução está no ictus inicial que determina a dimensão da ação dos movimentos, caracteriza-se pela manutenção da força uniforme dentre as fases de alongamento e encurtamento das sinergias musculares.

O movimento balanceado é um movimento executado com pequeno desempenho da energia muscular nas fases onde o movimento não se opõe à gravidade, ele envolve várias articulações em sua execução onde a força é descontínua e o ictus final e o do meio são diferentes do ictus inicial – impulso mais forte do movimento. Ex.: sequências de “cambrés”.

Movimento percutido – executado com precisão e vigor; caracteriza-se por um término brusco onde se processa uma rápida contração muscular, e uma enorme concentração de energias, como se retivesse intensamente a força; o ictus inicial e final são tão integrados na continuidade da ação que a ação do meio é quase imperceptível.

Movimento conduzido – seu modo de execução corresponde à unidade do modo de ação das sinergias musculares caracterizadas pela total integração das três fases do movimento (ictus inicial, clímax, ictus final) manifestada pela manutenção da força uniforme dentre as fases de alongamento e encurtamento das sinergias opostas; mantém sempre a liberação uniforme da ação marcada pelo ictus inicial. Ex.: execução das posições de port-de-bas passando pelas posições de forma ininterruptamente.

Movimento pendular ou oscilado – executado a nível de somente uma articulação com movimento semelhante a um pêndulo; a característica principal é que o movimento guarda uma igualdade contínua na amplitude do movimento; o ictus inicial e final se confundem observando virtualmente o clímax do movimento. Ex.: Os “grand-battements” de 4ª para 4ªs posições devant, derriére sem paradas na 1ª posição.

Movimento vibratório – executado como movimento de pequena amplitude e repetidamente, possui características idênticas ao movimento percutido; a energia dispendida para o ictus inicial e parada são tão rápidas que o movimento absorve características de tremido, sacudido, vibrado. Ex.: os “batus sur le coup-de-piês”.

Movimento lançado – executado como uma variação do movimento balanceado que neste ictus inicial do começo do balanço é forte; caracteriza-se por uma energia que desloca parte do corpo como se esta fosse desprender do todo em direção ao infinito. Ex.: Os grand-battements.

Movimento ondulante ou sustentado – a característica do movimento é caminhar em pequenas ondas dando ideia de flutuação de contornos, dando a impressão de perda de gravidade, durante a execução, o movimento se irradia ondulatório percorrendo sucessivamente várias articulações a nível segmentar do corpo total, o ictus inicial é mais marcado que os outros; a característica do movimento é de pequenas ondas. O movimento é sustentado semelhante ao conduzido dando, porém, a impressão de perda de gravidade.

Os graus de intensidade do movimento é a característica ligada à dinâmica do movimento ou qualidade de força, energia, desprendido da execução do mesmo: esta característica está vinculada a distribuição rítmica e espaço temporal.

Graus de velocidade se caracteriza pelas distribuições rítmicas do movimento resultando um andamento ralentado ou acelerado.

Quadro

Formas de Execução do Movimento Liberado
    Variáveis
Tipos
de movimentos
Intensidade
Acento inicial
Acento intermediário
Acento final
Ação resultante
Balanceado
Constante e suave
Suave
Suave
Suave
Pendular
Ondulante
Constante e suave
Suave
Continuo
Sustentado
Contínua
Percutido
Forte
Preciso e vigoroso
Imperceptível
Parada brusca
Precisa
Pendular
Constante
Forte
Contínuo
Marcada
Contínua
Conduzido
Suave
Suave
Contínuo
Sustentado
Contínua
Vibratório
Variação do percutido
Rápido
Rápido
Rápido
Trêmula
Sustentado
Variação do conduzido
Suave
Mais suave
Marcado
Flutuada
Lançado
Variação do balanceado
Forte
Necessário
Dinâmico
Acentuada

NANNI, 1992 a partir de Lima 1991

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Abordagem dos Parâmetros da Dança

Movimento

A Dança possibilita uma perfeita educação corporal e permite educação do movimento transformando-os em ARTE.

Leis e Princípios do Movimento do Corpo
Mecânicas (alavancas, articulações, ossos).
Motoras (sinergias musculares, função – agonista e antagonista dos músculos).
Articulações – mobilidade articular
      o Tipos: diartrose – amplamente móvel (vértebra atlas sobre a áxis).
                           Anfiartrose – ligeiramente móvel (vértebras torácicas).
                           Sinartrose – imóvel (ísquio e púbis).
      o Função: flexão – extensão – hiperextensão
                              adução – abdução – circundação (Rasch e Burke, 1977)

Ação Muscular
A ação dos músculos agonistas e antagonistas geram contrações:
      o Estáticas e isométricas (movimento em potencial);
      o Concêntricas e excêntricas classificados pelos fisiologistas como contração isotônica (geradores do movimento liberado).
Preparação neuromuscular estimulados através de:
      o Sinergias musculares;
      o Músculos agonistas e antagonistas;
      o Exercícios isotônicos e isométricos;
      o Trabalhos de alongamento e encurtamento das fibras musculares;
      o Trabalho de mobilidade articular;
      o Trabalho de potência muscular.
Execução consciente dos movimentos evoluiu:
      o Do controle neuromuscular preliminar e básico para os complexos;
      o Do gesto oral (grosseiro) para o específico (refinado qualitativamente);
      o Do gesto vazio de conteúdo para o expressivo (emocional, sensível).

domingo, 6 de janeiro de 2019

A Teria da Análise como Aporte à Aplicabilidade Prática do Trabalho

O estudo do valor no domínio da beleza e da arte possui um critério pessoal de avaliação subjetivo delineado pela imaginação e pode criador. Através de suas experiências pessoais o homem mostra subjetivamente o que pensa do mundo, e como deveria ser; pelo produto de sua imaginação criadora expressa pelos símbolos ou reproduz a vida e a experiência humana de modo figurativo pela imitação e representação da mesma forma de uma maneira concreta e real.

A Dança, arte de movimento, se projeta no tempo e espaço, se ajusta à esta classificação em representações figurativas-concretas, reais ou abstratas, simbólicas, subjetivas.

Projetando, pois, a arte em toda extensão e amplitude de valores traz a sua essência o enfoque significativo que permeia verdades empíricas através de afirmações éticas, estéticas, religiosas, metafóricas. Isto tem, portanto, o caráter normativo e orientador do comportamento uma vez que desempenha papel vital na vida das pessoas. A perspectiva é de que o empirismo lógico e a análise linguística tenham servido como respaldo filosófico à teoria aplicada à operacionalização da proposta de trabalho, leva-nos a planos de análise destas correntes filosóficas.

Passamos a analisar os pressupostos dentro da linha de pensamento desenvolvido, das verdades abordadas e das concepções delineadas no trabalho.

Pela teoria da verificação do empirismo lógico através do método direto da percepção sensorial foram aplicados aos laboratórios experimentais e exploratórios na vivência do corpo na aprendizagem comportamental através dos conteúdos emotivos.

Nossas conclusões sobre o resultado da objetividades do trabalho fora respaldado pela observação a nível comportamental de mudança na conduta dos alunos.

A filosofia da análise linguística esclarece a linguagem e o significado das frases e expressões do discurso corporal. No presente trabalho a análise linguística reavaliaria a linguagem especialmente usada no discurso corporal com adaptação, ajustamento, inter-relação, interação, etc. de modo a permitir entender a sutileza de corporeidade do homem no mundo e os processos usados para atingi-los. Assim as declarações éticas são significativas na medida que a moralidade é fator indispensável à vida. Declarações éticas tem definidas funções linguísticas para orientar o comportamento pois a moralidade e beleza desempenha papel vital na vida das pessoas.

A análise linguística localiza as fontes de perplexidade filosófica e aplica-se através de jogos linguísticos, casos padrões ou paradigmas; separa o uso que se refere ao significado da utilização que ao discurso. O papel do educador deverá ser a de investigador das divergentes finalidades dos termos do discurso.

Por exemplo, o termo adaptação é revestido de um sentido lato, abrangente e poderá ter várias conotações como discordância, discussões, confusões.

Passando em análise poderemos ver a ambiguidade do termo adaptação pela:
Perda de identidade;
Ajustamento social sem renovação do meio;
Adaptação mental – indivíduo saudável.

O termo usado para conceituar determinados aspectos do trabalho seria o da adaptação consubstanciada por um conceito em educação onde estudantes individuais se esforçam para encontrar sua manutenção e realização mediante pactos com problemas ambientais e sociais que defrontam no dia-a-dia.

A psicologia da adaptação esclarece que o termo depende do significado, da especificidade de adaptação do termo central para a teoria. No caso em pauta seria as relações adequadas do indivíduo com o seu meio e ou as relações adequadas entre fatores que compões e estruturam a personalidade.

Neste último caso depende do mecanismo de adaptação interna com diminuição das tensões (equilíbrio psíquico), a adaptação externa com processo de alternações para ajuste ao meio ao satisfazer às exigências do mesmo (evasão ou defesa).

Nesta análise podemos constatar que a linha filosófica gerou a linha psicológica e esta retorna à mesma para aplicar a teoria do conhecimento à educação.

Conclusão

A ideia de canalizar o trabalho desta monografia pela análise das correntes filosóficas que serviram de respaldo à proposta da Dança e os parâmetros de estruturação das dimensões corporais e suas relações afetivas- uma proposta para a Dança/Educação foi com intuito de tentar responder a uma indagação pessoal: Quais as ideias e correntes filosóficas que extrapolaram ou foram permeadas? Qual o meio usado para expressar uma realidade subjetiva aplicada a realidade objetiva e veicular a dança na educação?

Após o estudo detalhado das correntes filosóficas e um mergulho profundo nas raízes das mesmas, percebo que o trabalho elaborado brotou espontaneamente, conduzindo-se à cada etapa o que nos faz crer que as correntes, escolas filosóficas se inter-relacionam e servem de subsídios entre uns e outros.

A evidência mais forte de que algumas correntes serviram de aporte mais consistente às ideias e concepções elaboradas na linha do trabalho proposto, decorrem do conteúdo que se emaranhavam com a operacionalidade prática entre uma e outra, crescendo em circuitos que ora se fecham, ora se abrem em qualidade, quantidade. A amplitude dos conteúdos servem  de estímulos ou ictus iniciais, o outro que renascem em sucessões e crescem, quase que infinitamente.

Tomando por base Commenius, as correntes filosóficas se manifestam no homem como se fossem “arquétipos divinos” facultando ao mesmo programar suas necessidades e organizar suas ideias para encontrar o significado no domínio global do pensamento e da ação.

O filosofar é inerente ao homem e a moralidade é um fator indispensável à sua vida: a moralidade e a beleza desempenham um papel vital na vida das pessoas, uma vez que a moral e a beleza são inerentes ao homem. A filosofia lembra na linha de Yung como os arquétipos diversos manifestaram no homem de forma a orientá-lo. Nesta análise percebo que todas as correntes filosóficas têm pontos comuns. Uma serve de subsídio ao início da outra e elas coexistem para apoiar à educação.

Para o nosso atual propósito – a conscientização das correntes filosóficas que serviram de aporte ao trabalho - foram questionadas e examinadas com atenção as correntes filosóficas tradicionais, os pensamentos mais recentes e as teorias educacionais contemporâneas, cujos conteúdos são expressões nas sínteses a seguir mencionadas.

A filosofia prescritiva e normativa, recomenda valores e ideias, qualidades inerentes ou próprias às próprias coisas ou se são projeção de nossa mente. Os filósofos prescritivos avaliam os fatos, analisam os processos de “natureza” global do homem como universos materiais, mundo das relações sociais, mundo das artes, drama.

A filosofia especulativa serve de aporte à busca do ser humano impulsionado pela curiosidade intelectual e pelo desejo de ordem, de busca de verdades; é a tentativa de pensar de modo mais genérico e sistemático em tudo o que existe no universo – planejado ou sem significado.

A filosofia crítica ou analítica examina os conceitos com a mente, ou, causa; esclarece o que sabemos e assinala a incoerência em expressões e termos do discurso corrente como as expressões adaptadas, necessidade e conceitos morais e juízo de valores.

O ciclo de mudanças sociais muda também o desejo e aspirações do homem. Esta influencia a escola – instituição social – que serve na dinâmica deste ciclo social. A maneira com que nos posicionamos neste ciclo determina a nossa concepção filosófica e consequentemente a nossa aspiração valorativa.

Concluímos que a maneira com que julgamos os valores determina a nossa postura axiológica que veiculam as correntes pedagógicas fundamentais em uma só verdade. O cerne de uma filosófica é que direcionam a maior compreensão do fenômeno educacional para situá-lo na educação de modo a veiculá-la de forma mais eficaz em abrangência qualitativa e quantitativa.

A partir do estudo analítico-crítico das correntes filosóficas que influenciaram o discurso educacional em pauta, podemos apreender a principal finalidade do mesmo e buscar, através da originalidade do trabalho, uma educação mais autêntica no encontro e relação interna dos dois serem, educador e educando. A busca da verdade deve atrair educando emocional e intelectualmente, na tentativa de proporcionar a conquista de sua liberdade e torná-la parte integrante dele próprio, mais social uma vez que é auto-limitação da liberdade através da conscientização de verdade que leva à socialização.

Pautando, após a nossa análise crítica, no estudo das linhas filosóficas abordadas, concluímos que os conceitos elaborados no trabalho em tela contêm conceitos:

Antológicos, pois enfocam o mundo das coisas sensíveis e, portanto, dos seres reais, cujo aporte seria as teorias metafísicas;
Epistemológico, através da teoria do conhecimento, aborda o mundo nas ideias, dos seres ideais;
Axiológico, através da teoria de valores cuja relação sujeito x objeto e afetiva cuja característica é a consciência e o sentido (significado) que um dos seres tem dessa relação.

O pensamento Kantiano, através de seu imperativo categórico, fecha o círculo das linhas de pensamento, pois, em nossa visão, parece encerrar em si o substantivo, a essência mais significativa de todas as linhas filosóficas: não estará contido em todas elas de forma camuflada o princípio da finalidade do homem, da universidade e da socialização através do impulso moral?

Ao educador cabe conduzir ao aluno através do imperativo categórico de ser-no-mundo-com-os-outros.

O presente enfoque é muito dialético e profundo. Dado estes dois principais aspectos, há uma dificuldade em delimitar sua essência. Entretanto, a análise do mesmo clareou alguns aspectos ainda dúbios para nós.

O resumo do mesmo, compreende a delimitação da essência epistemológica da arte/educador; ação de se conhecer e apropriar do objeto e de sua reconstituição e sua relação afetiva com sujeito/objeto. Neste modo de veicular a educação, através da Dança, buscamos nos apropriar da linguagem específica. A linguagem veicularia a possibilidade de renovar e reestruturar e ligar a proposta à visão, palco de processo de crescimento da humanidade que passa a SER e ESTAR no mundo. Portanto, a proposta permitiria promover o engajamento interior e exterior de nível de grupo, através da linguagem de corpo.

sábado, 5 de janeiro de 2019

Pacto entre o Corpo e a Alma – Uma Abordagem Fenomenológica Existencial

Meu corpo, um ser no mundo está integrando o sujeito que sou, mas, ao mesmo tempo, enveredando-se no mundo das coisas, “ele abre-me as portas do mundo ou ainda melhor em direção ao mundo e constitui meu ponto de vista nele” (Merleau-Ponty). O diálogo com o corpo é a fase inicial e fundamental da relação com o mundo, portanto, ao desfazer-se, o meu corpo rompe a relação com o mundo.

O corpo deve ser um ser – consciente – no mundo, pois o sujeito está mergulhado neste corpo e por este corpo ele se encontra envolvido no mundo. Este mundo, como um todo significativo se prende, pois, ao corpo, o qual, enquanto humano, indica o sujeito – “eis o homem como existência”.

Desse modo, o corpo “ser-no-mundo” fundamentado na fenomenologia existencial seria o despertar para a experiência do mundo através do corpo vivido em todas as suas dimensões enquanto o percebemos, o estar nele por ele assim como contato com o corpo e com o mundo. De que modo? O sujeito por ser o corpo-se-um-sujeito. Assim é que antes de qualquer juízo intelectual sobre o espaço já me orientei no espaço através da percepção do sentido visão... “É o sujeito pré-pessoal, anônimo, o corpo humano o corpo humano o qual já afirmou um pacto com o mundo, antes de completar o sujeito pessoal a sua existência”(Luijpen, 1973).

Esta é uma verdade profunda defendida pela psicanálise que se fundamenta na fenomenologia existencial:

O pacto entre o corpo e o mundo é também lugar de muitíssimas perturbações psíquicas. Muito pelo contrário do que se pensava antes, não são processos unilaterais e determinantes oriundos de estímulo, do mundo exterior e nem são entendidas como exteriorizações de uma desorganização no “mundo interior”. São antes uma ruptura entre o corpo e o mundo, de caráter emocional, afetivo, cuja reestruturação não implica um esforço pessoal de ordem intelectual ou volitivo, mas sim através de uma janela do corpo para o mundo e os outros. A Educação psicomotora pela dança possibilitaria esta abertura através de um trabalho com o corpo tônico veiculado pelo jogo simbólico uma vez que o jogo simbólico permita trabalhar o corpo, destituindo-o de estereótipos motores e, portanto, de movimentos racionais evolutivos a fim de reintegrar o corpo imaginário, ideal ao real, instrumental e redescobrir funções que se julgava puramente corporais no sentido dialético da existência do ser. Através desta experiência que posso ver o seu corpo conscientemente e imaginar o meu corpo pelo corpo do outro.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Correntes Filosóficas Tradicionais e suas Ligações com a Estruturação das Dimensões Corporais


Idealismo

O princípio da teoria da coerência de verdade toma por base o critério de que o conhecimento é um todo unificado; qualquer aspecto, portanto, do conhecimento só se torna significativo se inserido no contexto total. O currículo escolar deverá refletir esta totalidade da realidade, ampliar a compreensão do universo e do homem; logo, enfatiza certas disciplinas na História, Filosofia, Religião e Belas Artes, pois ao espírito impõe um significado e ordem às informações dos sentidos. A verdade não é só demonstrada pelas ciências; a exploração à realidade que está a nossa volta pela apreensão intuitiva aliado ao conhecimento científico torna o estudo da arte importante para disciplinar esta faculdade.

Dentro deste enfoque idealista, podemos ressaltar a importância de aplicação desta proposta de trabalho nas escolas uma vez que atinge não a uma elite de determinada classe social, mas, sim se ajusta perfeitamente ao currículo prescrito pela filosofia Idealista – sua aplicação a realidade do aluno, portanto, a todos de qualquer camada social. A bondade e a beleza são parcelas da própria estrutura do universo e o educando deverá estar em harmonia com o todo espiritual a que pertence.

Na concepção Platônica, o idealismo faz a  liberdade do educando liberando-o dos seus conflitos inconscientes, permeando através das janelas do corpo físico-instrumental e, portanto, sujeito às leis, todas as suas possibilidades e necessidades, usa a intuição como forma de um corpo simbolizado pela inspiração.

Realismo naturalista

Preconiza que a inteligência exige disciplina imposta pela consciência das coisas, pois são permanentes e inalteráveis no mundo; pela consciência dos limites das capacidades humanas que nos tornamos realistas. Pela consciência dos nossos limites é facultado estruturar uma personalidade robusta através do robustecimento de nosso Ego. Os limites de tempo, espaço nos enfoques apresentados, poderão nos permitir estruturas as outras dimensões da personalidade.

Realismo natural – o homem é um organismo biológico com disposição social e impacto sobre a estrutura genética; habituar o educando a ser tolerante e bem ajustado mental e fisicamente com o seu meio seria o ideal. A capacidade criadora individual é manifestação da força criadora universal. É esta força criadora universal que desencadeia a curiosidade e a iniciativa pessoal do educando. Entretanto, ao enfatizar um currículo tendo por base as ciências do conhecimento com aplicação de métodos científicos, esta filosofia pouco se ajusta ao nosso trabalho pois nega as ciências do comportamento, o enfoque dado à proposta em questão.

Realismo Clássico

Ajustar o educando mental e fisicamente harmonizado com seu meio físico e cultural através da adaptação é meta desta filosofia. O sentido de hostilidade se reduz pela adaptação não se reduz a castração da espontaneidade do individualismo, mas deixando fluir a capacidade criadora, manifestação da força criadora universal emanada da energia da mesma, da curiosidade e da iniciativa pessoal. Através da atividade espontânea, criativas dos movimentos, eliminamos os estereótipos motores e vazamos os movimentos espontâneos, fonte e caminho para ligação do corpo físico ao imaginário, ponte para estruturação dos limites e, por conseguinte, da personalidade.

Pragmatismo

Para os pragmáticos, o homem é a soma total da realidade que pode experimentar. A realidade não é exterior ao homem, mas a sua interação do organismo humano com o contexto. O mundo só é significativo para o homem se este imprime nele o seu significado.

O enfoque central da proposta educacional é o encontro do “eu” (o que era Id faz-se Ego) ou seja, o ser mais estruturado e o encontro do “eu com o tu”, proposta pela relação de interação e inter-relação entre o “eu” interior e o “eu” exterior para atingir o Ser. Sabe-se que na medida que a personalidade do educando fica mais robusta, melhor estruturada este imprime maior significado à sua vida e na vida do outro, pelas trocas afetivas. Pela mente exploratória e ativa, o conhecimento é uma interação entre o homem e o meio e a construção de determinados problemas e propõe métodos para investiga-los.

Nossa aplicação metodológica se ajusta à epistemologia da educação pragmática uma vez que usa laboratórios experimentais e exploratórios com propostas para sanções de problemas que o próprio aluno, dentro de seus limites, deverá investigar e solucionar. A busca do bem-estar humano é a base de tudo; para isto, o professor seleciona valores que pareça, ter mais possibilidades de proporcionar este bem-estar ao educando. A busca da estruturação de uma personalidade forte e adaptada aos padrões sociais traria como consequências relações mais afetivas. Contribui, portanto, este enfoque com a educação através da Dança/Educação.

Quer nos parecer que a epistemologia pragmática serviu como aporte à proposta-relação consigo mesmo, com os outros, com os objetos, com o mundo – facultando e caminhando para o encontro do “Eu com o Tu”.

O conhecimento pragmático possibilita ao homem estudar o mundo tal como ele nos afeta; adaptá-los as suas necessidades favorecendo a relação consigo mesmo assim como, num esforço de interação com os outros, através da associação e cooperação da sua realidade que ele transforma. A realidade pragmática é a soma total daquilo que experimentamos.

Os métodos e processos utilizam as sensações e percepções como veículo para a exploração e experimentação com intuito de estimular e favorecer a relação de correspondência entre a realidade interna e a realidade externa do educando; facultar a relação consigo mesmo e com o mundo para o encontro do “Eu com o Tu”. Possibilitar, talvez, o “ser”, ser-no-mundo com-os-outros.

A percepção da realidade favorece os questionamentos e mudanças sociais estruturais. É, portanto, uma perspectiva de vanguarda ao trabalhar a forma e conteúdo da aplicabilidade, da Dança na Educação, convergindo para a valorização mais criativa ao canalizar a observação, às transformações sociais estruturais, de forma mais afetiva. A finalidade do trabalho não se esgota aqui, mas é aporte e ictus inicial para perspectivas futuras dada a sua abrangência e profundidade.

Existencialismo  - Base do Trabalho Teórico

A Existência Precede a Essência

“...O mundo está aí: é concreto e particular e qualquer essência que dela se abstraia é menos real do que os dados donde ele foi abstraído”. (Luijpen, 1973).
O homem, primeiro existe no mundo, desenvolve, cresce inserido no ecossistema para só aparecer em “cena” depois que ele puder definir o que é; isto parece fundamentar o enfoque psicanalítico da estruturação da personalidade através do robustecimento do ego. Segundo Sartre, o homem percebe o indefinido do ser porque ele é “nada” e a partir do “nada” o homem concebe ser o SER, isto é, vem a SER.

A parcela de contribuição da corrente existencialista no caso em pauta, à prática da Dança/Educação, parece respaldar-se no “encontro” primeiro “consigo mesmo” fazendo fluir o potencial do educando. A partir, o educando define a si próprio pelo livre exercício e soma se duas próprias ações e pelo encontro apaixonado com os pequenos problemas da vida. O encontro “consigo mesmo” seria a busca se sua condição humana – sua existência – para encontrar sua essência. A luta contra as pressões da multidão (padrões sociais) anônima facultará o educando ir ao encontro do seu verdadeiro “eu”. A plena realização do educando é forte fator de prevenção contra as neuroses da assimilação da classe social que camuflam sua plena realização pela adesão de seus hábitos, atitudes ou pela imposição da máscara anônima do grupo.

A análise retoma o enfoque da contribuição do existencialismo quando perpassa como finalidade o favorecer das relações afetivas, pela interação do educando com os outros após interação autêntica de sua personalidade (comunicação, encontro consigo mesmo) pela liberdade robustecida e revigorada das personalidades dos componentes do grupo. Esta proposta para a Dança/Educação seria uma janela à educação pela Dança ao tentar obstruir influências positivas das ciências do comportamento quebrando as arestas ou tentando eliminar fatores intervenientes que deem margem ao desvirtuamento da proposta como sugerem Marcel e Jasper (Luijpen, 1973).

A canalização dos movimentos por metodologia especificada usando laboratórios e exploratórios delimitam uma prática da Dança/Educação, pode ser vista como pautada no existencialismo e quando toma como foco a liberdade de movimentos exauridos pelo corpo tônico. Esta liberdade de movimento, no encontro das dimensões corporais e do corpo do outro, se fará pela perda dos padrões e estereótipos do movimento através da elaboração tônica espontânea e natural e sua influência.

A concepção existencialista do jogo respalda a maior parte de nosso trabalho, uma vez que a noção de jogo para nós está no seu simbolismo, na ação, em seus efeitos sobre o indivíduo desvinculado do objeto da vitória e nem leva a derrota. O jogo simbólico viabiliza a estruturação das dimensões corporais tem uma conotação subjetiva, a possibilidade de propiciar ao educando soltar as rédeas de sua imaginação, espontaneidade e inventividade para alcançar melhor as nuances e os contrastes do movimento sem impor-se aos objetos ou fazê-los seus através da improvisação, livres, autênticos, sendo eles mesmos e caminhando em busca de sua autonomia e liberdade.

A Filosofia Fenomenológica da Existência e a Dança/Educação

O discurso filosófico pautado nas correntes filosóficas permitirá atingir a dimensão filosófica do ser e interrogar sobre o sentido de ser, seu objeto, aspecto e tempo orientado a ciência relativa a seu objeto de estudo – o objeto concreto real – o corpo e suas relações com o outro, com o mundo e com os objetos.

A fenomenologia direciona à ontologia do ser, do “ser-homem” e a problematização as questões do corpo vivido, sua especialidade e temporalidade. O sentido de uma epistemologia da experiência e que se dá a plena dimensão de sua existência, ou seja, a consciência da dimensão plena deste corpo. É através da sua existência que o homem está sempre construindo sua essência, tentando uma dimensão plena. Portanto, a Dança/Educação através da busca de estruturação das dimensões corporais seria também uma busca para o plano do existir. A consciência do existir é o choque, a ligação com a minha existência pela emoção, através da vivência corporal. A vivência corporal, portanto, dá a plena dimensão da existência. Existir é se aperceber, dar existência através da experimentação plena de existir. É experimentar o que você é através da vivência:


Estar dentro de mim;
Ter plenitude do que sou;
Estabelecer a dimensão completa de mim mesmo;
Construir a cada dia o meu “Eu”.


Através de uma metodologia específica de trabalhos laboratoriais exploratórios e experimentais, busca o presente trabalho o encontro do “eu” consigo mesmo, ou seja, a busca da essência do homem pela sua própria existência. O papel do professor, portanto, é desvincular o educando a alienação, evitando que o mesmo se coloque em situações de objeto com ele se identificando. As soluções de “acomodação” deverão ser afastadas para evitar o plano da alienação.

A filosofia fenomenológica da existência parece servir também de aporte para a corporeidade e suas relações afetivas, uma vez que a existência é função do grupo. Portanto, as inter-relações, interações e relações afetivas da vivência através das experiências de vida do educando, na busca de encontro do “eu com o tu” após o encontro consigo mesmo, encontra um gancho nesta teoria.

Devo ressaltar que o pensamento cartesiano, entretanto, diverge da percepção da realidade do corpo colocando como fundamentação desta descrença a insegurança dos sentidos e a possibilidade de sonho: se os sentidos enganam às vezes, podem enganar-nos sempre; além disso, temos imagens de nosso corpo nos nossos sonhos, que não correspondem à realidade. Com sua primazia de “cogito”, Descartes coloca entre parênteses tudo o que é duvidoso. Julga que o sujeito, o “eu”, a substância - consciente a que chama “almas”, é simplesmente o que ela é, mesmo sem corpo e sem mundo, dos quais é inteiramente independente. No entanto, o pensamento é pensamento – de – alguma coisa, ou seria pensamento - de nada ou simplesmente um não pensar.

O corpo humano para Descartes é só quantidade que se move espacialmente, pois a ideia de quantidade é essencialmente extensa. A concepção cartesiana a respeito da realidade do corpo e das coisas do mundo científico, é visto sob o positivismo, uma vez que as ciências materiais é que operam com a ideia de quantidade. Há uma controvérsia de posição a partir deste enfoque.

A discussão em relação ao discurso cartesiano é que o filósofo possivelmente se viu forçado a admitir certa influência mútua entre alma e corpo no sentido de constituir uma só unidade. Os sentimentos de dor, fome não provariam isto? Entretanto, ele perguntava: - como podem perfazer uma unidade essencial das substâncias que não são essencialmente uma unidade? De um lado o homem é uma “re-cogitans”, na substância que se pensa a si mesmo; de outra parte, é também uma “re-extensa”, uma substância extensa.

Esta linha de pensamento nos parece contraditória em sua base uma vez que Descartes reconhece o acima exposto. Para nós também fica claro e achamos que isto até explicita o encontro do eu (o que era Id torna-se Ego) e o encontro do “eu com o tu” ou seja, o mundo subjetivo, interior, com o mundo exterior objetivo dando possibilidade de reconhecer o ser-sujeito e ser-sujeito-de-outros-sujeitos (o eu se concebe como conteúdo em si próprio todos outros “eus”); o meu “eu” é sujeito grande e extrapola outros “seus”, sujeito divinizado através ao “Eu Absoluto” – Deus.

O educador tomando consciência disto deve evitar modelos que tolheriam a opção do educando. Deve o educador, leva-lo a opção para ser ele mesmo, autentico e à consciência do que isto acarretaria em sua experiência de vida: o ser-no-mundo-com-os-outros. Deve despertar a consciência para as opções de sua existência através de uma vivência em abrangência e plenitude.