Idealismo
O princípio da teoria da coerência de verdade toma por base
o critério de que o conhecimento é um todo unificado; qualquer aspecto,
portanto, do conhecimento só se torna significativo se inserido no contexto
total. O currículo escolar deverá refletir esta totalidade da realidade,
ampliar a compreensão do universo e do homem; logo, enfatiza certas disciplinas
na História, Filosofia, Religião e Belas Artes, pois ao espírito impõe um
significado e ordem às informações dos sentidos. A verdade não é só demonstrada
pelas ciências; a exploração à realidade que está a nossa volta pela apreensão
intuitiva aliado ao conhecimento científico torna o estudo da arte importante
para disciplinar esta faculdade.
Dentro deste enfoque idealista, podemos ressaltar a
importância de aplicação desta proposta de trabalho nas escolas uma vez que
atinge não a uma elite de determinada classe social, mas, sim se ajusta
perfeitamente ao currículo prescrito pela filosofia Idealista – sua aplicação a
realidade do aluno, portanto, a todos de qualquer camada social. A bondade e a
beleza são parcelas da própria estrutura do universo e o educando deverá estar
em harmonia com o todo espiritual a que pertence.
Na concepção Platônica, o idealismo faz a liberdade do
educando liberando-o dos seus conflitos inconscientes, permeando através das
janelas do corpo físico-instrumental e, portanto, sujeito às leis, todas as
suas possibilidades e necessidades, usa a intuição como forma de um corpo
simbolizado pela inspiração.
Realismo naturalista
Preconiza que a inteligência exige disciplina imposta pela
consciência das coisas, pois são permanentes e inalteráveis no mundo; pela
consciência dos limites das capacidades humanas que nos tornamos realistas.
Pela consciência dos nossos limites é facultado estruturar uma personalidade
robusta através do robustecimento de nosso Ego. Os limites de tempo, espaço nos
enfoques apresentados, poderão nos permitir estruturas as outras dimensões da
personalidade.
Realismo natural – o homem é um organismo biológico com
disposição social e impacto sobre a estrutura genética; habituar o educando a
ser tolerante e bem ajustado mental e fisicamente com o seu meio seria o ideal.
A capacidade criadora individual é manifestação da força criadora universal. É
esta força criadora universal que desencadeia a curiosidade e a iniciativa
pessoal do educando. Entretanto, ao enfatizar um currículo tendo por base as
ciências do conhecimento com aplicação de métodos científicos, esta filosofia
pouco se ajusta ao nosso trabalho pois nega as ciências do comportamento, o
enfoque dado à proposta em questão.
Realismo Clássico
Ajustar o educando mental e fisicamente harmonizado com seu
meio físico e cultural através da adaptação é meta desta filosofia. O sentido
de hostilidade se reduz pela adaptação não se reduz a castração da
espontaneidade do individualismo, mas deixando fluir a capacidade criadora,
manifestação da força criadora universal emanada da energia da mesma, da
curiosidade e da iniciativa pessoal. Através da atividade espontânea, criativas
dos movimentos, eliminamos os estereótipos motores e vazamos os movimentos
espontâneos, fonte e caminho para ligação do corpo físico ao imaginário, ponte
para estruturação dos limites e, por conseguinte, da personalidade.
Pragmatismo
Para os pragmáticos, o homem é a soma total da realidade que
pode experimentar. A realidade não é exterior ao homem, mas a sua interação do
organismo humano com o contexto. O mundo só é significativo para o homem se
este imprime nele o seu significado.
O enfoque central da proposta educacional é o encontro do
“eu” (o que era Id faz-se Ego) ou seja, o ser mais estruturado e o encontro do
“eu com o tu”, proposta pela relação de interação e inter-relação entre o “eu”
interior e o “eu” exterior para atingir o Ser. Sabe-se que na medida que a
personalidade do educando fica mais robusta, melhor estruturada este imprime
maior significado à sua vida e na vida do outro, pelas trocas afetivas. Pela
mente exploratória e ativa, o conhecimento é uma interação entre o homem e o
meio e a construção de determinados problemas e propõe métodos para
investiga-los.
Nossa aplicação metodológica se ajusta à epistemologia da
educação pragmática uma vez que usa laboratórios experimentais e exploratórios
com propostas para sanções de problemas que o próprio aluno, dentro de seus
limites, deverá investigar e solucionar. A busca do bem-estar humano é a base
de tudo; para isto, o professor seleciona valores que pareça, ter mais
possibilidades de proporcionar este bem-estar ao educando. A busca da
estruturação de uma personalidade forte e adaptada aos padrões sociais traria
como consequências relações mais afetivas. Contribui, portanto, este enfoque
com a educação através da Dança/Educação.
Quer nos parecer que a epistemologia pragmática serviu como
aporte à proposta-relação consigo mesmo, com os outros, com os objetos, com o
mundo – facultando e caminhando para o encontro do “Eu com o Tu”.
O conhecimento pragmático possibilita ao homem estudar o
mundo tal como ele nos afeta; adaptá-los as suas necessidades favorecendo a
relação consigo mesmo assim como, num esforço de interação com os outros,
através da associação e cooperação da sua realidade que ele transforma. A
realidade pragmática é a soma total daquilo que experimentamos.
Os métodos e processos utilizam as sensações e percepções
como veículo para a exploração e experimentação com intuito de estimular e
favorecer a relação de correspondência entre a realidade interna e a realidade
externa do educando; facultar a relação consigo mesmo e com o mundo para o
encontro do “Eu com o Tu”. Possibilitar, talvez, o “ser”, ser-no-mundo
com-os-outros.
A percepção da realidade favorece os questionamentos e
mudanças sociais estruturais. É, portanto, uma perspectiva de vanguarda ao
trabalhar a forma e conteúdo da aplicabilidade, da Dança na Educação,
convergindo para a valorização mais criativa ao canalizar a observação, às
transformações sociais estruturais, de forma mais afetiva. A finalidade do
trabalho não se esgota aqui, mas é aporte e ictus inicial para perspectivas
futuras dada a sua abrangência e profundidade.
Existencialismo - Base do Trabalho Teórico
A Existência Precede a Essência
“...O mundo está aí: é concreto e particular e qualquer essência que dela se abstraia é menos real do que os dados donde ele foi abstraído”. (Luijpen, 1973).
O homem, primeiro existe no mundo, desenvolve, cresce
inserido no ecossistema para só aparecer em “cena” depois que ele puder definir
o que é; isto parece fundamentar o enfoque psicanalítico da estruturação
da personalidade através do robustecimento do ego. Segundo Sartre, o homem
percebe o indefinido do ser porque ele é “nada” e a partir do “nada” o homem
concebe ser o SER, isto é, vem a SER.
A parcela de contribuição da corrente existencialista no
caso em pauta, à prática da Dança/Educação, parece respaldar-se no “encontro”
primeiro “consigo mesmo” fazendo fluir o potencial do educando. A partir, o
educando define a si próprio pelo livre exercício e soma se duas próprias ações
e pelo encontro apaixonado com os pequenos problemas da vida. O encontro
“consigo mesmo” seria a busca se sua condição humana – sua existência – para
encontrar sua essência. A luta contra as pressões da multidão (padrões sociais)
anônima facultará o educando ir ao encontro do seu verdadeiro “eu”. A plena
realização do educando é forte fator de prevenção contra as neuroses da
assimilação da classe social que camuflam sua plena realização pela adesão de
seus hábitos, atitudes ou pela imposição da máscara anônima do grupo.
A análise retoma o enfoque da contribuição do
existencialismo quando perpassa como finalidade o favorecer das relações
afetivas, pela interação do educando com os outros após interação autêntica de
sua personalidade (comunicação, encontro consigo mesmo) pela liberdade robustecida
e revigorada das personalidades dos componentes do grupo. Esta proposta para a
Dança/Educação seria uma janela à educação pela Dança ao tentar obstruir
influências positivas das ciências do comportamento quebrando as arestas ou
tentando eliminar fatores intervenientes que deem margem ao desvirtuamento da
proposta como sugerem Marcel e Jasper (Luijpen, 1973).
A canalização dos movimentos por metodologia especificada
usando laboratórios e exploratórios delimitam uma prática da Dança/Educação,
pode ser vista como pautada no existencialismo e quando toma como foco a
liberdade de movimentos exauridos pelo corpo tônico. Esta liberdade de
movimento, no encontro das dimensões corporais e do corpo do outro, se fará
pela perda dos padrões e estereótipos do movimento através da elaboração tônica
espontânea e natural e sua influência.
A concepção existencialista do jogo respalda a maior parte
de nosso trabalho, uma vez que a noção de jogo para nós está no seu simbolismo,
na ação, em seus efeitos sobre o indivíduo desvinculado do objeto da vitória e
nem leva a derrota. O jogo simbólico viabiliza a estruturação das dimensões
corporais tem uma conotação subjetiva, a possibilidade de propiciar ao educando
soltar as rédeas de sua imaginação, espontaneidade e inventividade para
alcançar melhor as nuances e os contrastes do movimento sem impor-se aos
objetos ou fazê-los seus através da improvisação, livres, autênticos, sendo
eles mesmos e caminhando em busca de sua autonomia e liberdade.
A Filosofia Fenomenológica da Existência e a Dança/Educação
O discurso filosófico pautado nas correntes filosóficas
permitirá atingir a dimensão filosófica do ser e interrogar sobre o sentido de
ser, seu objeto, aspecto e tempo orientado a ciência relativa a seu objeto de
estudo – o objeto concreto real – o corpo e suas relações com o outro, com o
mundo e com os objetos.
A fenomenologia direciona à ontologia do ser, do “ser-homem”
e a problematização as questões do corpo vivido, sua especialidade e
temporalidade. O sentido de uma epistemologia da experiência e que se dá a
plena dimensão de sua existência, ou seja, a consciência da dimensão plena
deste corpo. É através da sua existência que o homem está sempre construindo
sua essência, tentando uma dimensão plena. Portanto, a Dança/Educação através
da busca de estruturação das dimensões corporais seria também uma busca para o
plano do existir. A consciência do existir é o choque, a ligação com a minha
existência pela emoção, através da vivência corporal. A vivência corporal,
portanto, dá a plena dimensão da existência. Existir é se aperceber, dar
existência através da experimentação plena de existir. É experimentar o que
você é através da vivência:
• Estar dentro de mim;
• Ter plenitude do que sou;
• Estabelecer a dimensão completa de mim mesmo;
• Construir a cada dia o meu “Eu”.
Através de uma metodologia específica de trabalhos
laboratoriais exploratórios e experimentais, busca o presente trabalho o
encontro do “eu” consigo mesmo, ou seja, a busca da essência do homem pela sua
própria existência. O papel do professor, portanto, é desvincular o educando a
alienação, evitando que o mesmo se coloque em situações de objeto com ele se
identificando. As soluções de “acomodação” deverão ser afastadas para evitar o
plano da alienação.
A filosofia fenomenológica da existência parece servir
também de aporte para a corporeidade e suas relações afetivas, uma vez que a
existência é função do grupo. Portanto, as inter-relações, interações e
relações afetivas da vivência através das experiências de vida do educando, na
busca de encontro do “eu com o tu” após o encontro consigo mesmo, encontra um
gancho nesta teoria.
Devo ressaltar que o pensamento cartesiano, entretanto,
diverge da percepção da realidade do corpo colocando como fundamentação desta
descrença a insegurança dos sentidos e a possibilidade de sonho: se os sentidos
enganam às vezes, podem enganar-nos sempre; além disso, temos imagens de nosso
corpo nos nossos sonhos, que não correspondem à realidade. Com sua primazia de
“cogito”, Descartes coloca entre parênteses tudo o que é duvidoso. Julga que o
sujeito, o “eu”, a substância - consciente a que chama “almas”, é simplesmente
o que ela é, mesmo sem corpo e sem mundo, dos quais é inteiramente
independente. No entanto, o pensamento é pensamento – de – alguma coisa, ou
seria pensamento - de nada ou simplesmente um não pensar.
O corpo humano para Descartes é só quantidade que se move
espacialmente, pois a ideia de quantidade é essencialmente extensa. A concepção
cartesiana a respeito da realidade do corpo e das coisas do mundo científico, é
visto sob o positivismo, uma vez que as ciências materiais é que operam com a
ideia de quantidade. Há uma controvérsia de posição a partir deste enfoque.
A discussão em relação ao discurso cartesiano é que o
filósofo possivelmente se viu forçado a admitir certa influência mútua entre
alma e corpo no sentido de constituir uma só unidade. Os sentimentos de dor,
fome não provariam isto? Entretanto, ele perguntava: - como podem perfazer uma
unidade essencial das substâncias que não são essencialmente uma unidade? De um
lado o homem é uma “re-cogitans”, na substância que se pensa a si mesmo; de
outra parte, é também uma “re-extensa”, uma substância extensa.
Esta linha de pensamento nos parece contraditória em sua
base uma vez que Descartes reconhece o acima exposto. Para nós também fica
claro e achamos que isto até explicita o encontro do eu (o que era Id torna-se
Ego) e o encontro do “eu com o tu” ou seja, o mundo subjetivo, interior, com o
mundo exterior objetivo dando possibilidade de reconhecer o ser-sujeito e
ser-sujeito-de-outros-sujeitos (o eu se concebe como conteúdo em si próprio
todos outros “eus”); o meu “eu” é sujeito grande e extrapola outros “seus”,
sujeito divinizado através ao “Eu Absoluto” – Deus.
O educador tomando consciência disto deve evitar modelos que
tolheriam a opção do educando. Deve o educador, leva-lo a opção para ser ele
mesmo, autentico e à consciência do que isto acarretaria em sua experiência de
vida: o ser-no-mundo-com-os-outros. Deve despertar a consciência para as opções
de sua existência através de uma vivência em abrangência e plenitude.
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