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sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Correntes Filosóficas Tradicionais e suas Ligações com a Estruturação das Dimensões Corporais


Idealismo

O princípio da teoria da coerência de verdade toma por base o critério de que o conhecimento é um todo unificado; qualquer aspecto, portanto, do conhecimento só se torna significativo se inserido no contexto total. O currículo escolar deverá refletir esta totalidade da realidade, ampliar a compreensão do universo e do homem; logo, enfatiza certas disciplinas na História, Filosofia, Religião e Belas Artes, pois ao espírito impõe um significado e ordem às informações dos sentidos. A verdade não é só demonstrada pelas ciências; a exploração à realidade que está a nossa volta pela apreensão intuitiva aliado ao conhecimento científico torna o estudo da arte importante para disciplinar esta faculdade.

Dentro deste enfoque idealista, podemos ressaltar a importância de aplicação desta proposta de trabalho nas escolas uma vez que atinge não a uma elite de determinada classe social, mas, sim se ajusta perfeitamente ao currículo prescrito pela filosofia Idealista – sua aplicação a realidade do aluno, portanto, a todos de qualquer camada social. A bondade e a beleza são parcelas da própria estrutura do universo e o educando deverá estar em harmonia com o todo espiritual a que pertence.

Na concepção Platônica, o idealismo faz a  liberdade do educando liberando-o dos seus conflitos inconscientes, permeando através das janelas do corpo físico-instrumental e, portanto, sujeito às leis, todas as suas possibilidades e necessidades, usa a intuição como forma de um corpo simbolizado pela inspiração.

Realismo naturalista

Preconiza que a inteligência exige disciplina imposta pela consciência das coisas, pois são permanentes e inalteráveis no mundo; pela consciência dos limites das capacidades humanas que nos tornamos realistas. Pela consciência dos nossos limites é facultado estruturar uma personalidade robusta através do robustecimento de nosso Ego. Os limites de tempo, espaço nos enfoques apresentados, poderão nos permitir estruturas as outras dimensões da personalidade.

Realismo natural – o homem é um organismo biológico com disposição social e impacto sobre a estrutura genética; habituar o educando a ser tolerante e bem ajustado mental e fisicamente com o seu meio seria o ideal. A capacidade criadora individual é manifestação da força criadora universal. É esta força criadora universal que desencadeia a curiosidade e a iniciativa pessoal do educando. Entretanto, ao enfatizar um currículo tendo por base as ciências do conhecimento com aplicação de métodos científicos, esta filosofia pouco se ajusta ao nosso trabalho pois nega as ciências do comportamento, o enfoque dado à proposta em questão.

Realismo Clássico

Ajustar o educando mental e fisicamente harmonizado com seu meio físico e cultural através da adaptação é meta desta filosofia. O sentido de hostilidade se reduz pela adaptação não se reduz a castração da espontaneidade do individualismo, mas deixando fluir a capacidade criadora, manifestação da força criadora universal emanada da energia da mesma, da curiosidade e da iniciativa pessoal. Através da atividade espontânea, criativas dos movimentos, eliminamos os estereótipos motores e vazamos os movimentos espontâneos, fonte e caminho para ligação do corpo físico ao imaginário, ponte para estruturação dos limites e, por conseguinte, da personalidade.

Pragmatismo

Para os pragmáticos, o homem é a soma total da realidade que pode experimentar. A realidade não é exterior ao homem, mas a sua interação do organismo humano com o contexto. O mundo só é significativo para o homem se este imprime nele o seu significado.

O enfoque central da proposta educacional é o encontro do “eu” (o que era Id faz-se Ego) ou seja, o ser mais estruturado e o encontro do “eu com o tu”, proposta pela relação de interação e inter-relação entre o “eu” interior e o “eu” exterior para atingir o Ser. Sabe-se que na medida que a personalidade do educando fica mais robusta, melhor estruturada este imprime maior significado à sua vida e na vida do outro, pelas trocas afetivas. Pela mente exploratória e ativa, o conhecimento é uma interação entre o homem e o meio e a construção de determinados problemas e propõe métodos para investiga-los.

Nossa aplicação metodológica se ajusta à epistemologia da educação pragmática uma vez que usa laboratórios experimentais e exploratórios com propostas para sanções de problemas que o próprio aluno, dentro de seus limites, deverá investigar e solucionar. A busca do bem-estar humano é a base de tudo; para isto, o professor seleciona valores que pareça, ter mais possibilidades de proporcionar este bem-estar ao educando. A busca da estruturação de uma personalidade forte e adaptada aos padrões sociais traria como consequências relações mais afetivas. Contribui, portanto, este enfoque com a educação através da Dança/Educação.

Quer nos parecer que a epistemologia pragmática serviu como aporte à proposta-relação consigo mesmo, com os outros, com os objetos, com o mundo – facultando e caminhando para o encontro do “Eu com o Tu”.

O conhecimento pragmático possibilita ao homem estudar o mundo tal como ele nos afeta; adaptá-los as suas necessidades favorecendo a relação consigo mesmo assim como, num esforço de interação com os outros, através da associação e cooperação da sua realidade que ele transforma. A realidade pragmática é a soma total daquilo que experimentamos.

Os métodos e processos utilizam as sensações e percepções como veículo para a exploração e experimentação com intuito de estimular e favorecer a relação de correspondência entre a realidade interna e a realidade externa do educando; facultar a relação consigo mesmo e com o mundo para o encontro do “Eu com o Tu”. Possibilitar, talvez, o “ser”, ser-no-mundo com-os-outros.

A percepção da realidade favorece os questionamentos e mudanças sociais estruturais. É, portanto, uma perspectiva de vanguarda ao trabalhar a forma e conteúdo da aplicabilidade, da Dança na Educação, convergindo para a valorização mais criativa ao canalizar a observação, às transformações sociais estruturais, de forma mais afetiva. A finalidade do trabalho não se esgota aqui, mas é aporte e ictus inicial para perspectivas futuras dada a sua abrangência e profundidade.

Existencialismo  - Base do Trabalho Teórico

A Existência Precede a Essência

“...O mundo está aí: é concreto e particular e qualquer essência que dela se abstraia é menos real do que os dados donde ele foi abstraído”. (Luijpen, 1973).
O homem, primeiro existe no mundo, desenvolve, cresce inserido no ecossistema para só aparecer em “cena” depois que ele puder definir o que é; isto parece fundamentar o enfoque psicanalítico da estruturação da personalidade através do robustecimento do ego. Segundo Sartre, o homem percebe o indefinido do ser porque ele é “nada” e a partir do “nada” o homem concebe ser o SER, isto é, vem a SER.

A parcela de contribuição da corrente existencialista no caso em pauta, à prática da Dança/Educação, parece respaldar-se no “encontro” primeiro “consigo mesmo” fazendo fluir o potencial do educando. A partir, o educando define a si próprio pelo livre exercício e soma se duas próprias ações e pelo encontro apaixonado com os pequenos problemas da vida. O encontro “consigo mesmo” seria a busca se sua condição humana – sua existência – para encontrar sua essência. A luta contra as pressões da multidão (padrões sociais) anônima facultará o educando ir ao encontro do seu verdadeiro “eu”. A plena realização do educando é forte fator de prevenção contra as neuroses da assimilação da classe social que camuflam sua plena realização pela adesão de seus hábitos, atitudes ou pela imposição da máscara anônima do grupo.

A análise retoma o enfoque da contribuição do existencialismo quando perpassa como finalidade o favorecer das relações afetivas, pela interação do educando com os outros após interação autêntica de sua personalidade (comunicação, encontro consigo mesmo) pela liberdade robustecida e revigorada das personalidades dos componentes do grupo. Esta proposta para a Dança/Educação seria uma janela à educação pela Dança ao tentar obstruir influências positivas das ciências do comportamento quebrando as arestas ou tentando eliminar fatores intervenientes que deem margem ao desvirtuamento da proposta como sugerem Marcel e Jasper (Luijpen, 1973).

A canalização dos movimentos por metodologia especificada usando laboratórios e exploratórios delimitam uma prática da Dança/Educação, pode ser vista como pautada no existencialismo e quando toma como foco a liberdade de movimentos exauridos pelo corpo tônico. Esta liberdade de movimento, no encontro das dimensões corporais e do corpo do outro, se fará pela perda dos padrões e estereótipos do movimento através da elaboração tônica espontânea e natural e sua influência.

A concepção existencialista do jogo respalda a maior parte de nosso trabalho, uma vez que a noção de jogo para nós está no seu simbolismo, na ação, em seus efeitos sobre o indivíduo desvinculado do objeto da vitória e nem leva a derrota. O jogo simbólico viabiliza a estruturação das dimensões corporais tem uma conotação subjetiva, a possibilidade de propiciar ao educando soltar as rédeas de sua imaginação, espontaneidade e inventividade para alcançar melhor as nuances e os contrastes do movimento sem impor-se aos objetos ou fazê-los seus através da improvisação, livres, autênticos, sendo eles mesmos e caminhando em busca de sua autonomia e liberdade.

A Filosofia Fenomenológica da Existência e a Dança/Educação

O discurso filosófico pautado nas correntes filosóficas permitirá atingir a dimensão filosófica do ser e interrogar sobre o sentido de ser, seu objeto, aspecto e tempo orientado a ciência relativa a seu objeto de estudo – o objeto concreto real – o corpo e suas relações com o outro, com o mundo e com os objetos.

A fenomenologia direciona à ontologia do ser, do “ser-homem” e a problematização as questões do corpo vivido, sua especialidade e temporalidade. O sentido de uma epistemologia da experiência e que se dá a plena dimensão de sua existência, ou seja, a consciência da dimensão plena deste corpo. É através da sua existência que o homem está sempre construindo sua essência, tentando uma dimensão plena. Portanto, a Dança/Educação através da busca de estruturação das dimensões corporais seria também uma busca para o plano do existir. A consciência do existir é o choque, a ligação com a minha existência pela emoção, através da vivência corporal. A vivência corporal, portanto, dá a plena dimensão da existência. Existir é se aperceber, dar existência através da experimentação plena de existir. É experimentar o que você é através da vivência:


Estar dentro de mim;
Ter plenitude do que sou;
Estabelecer a dimensão completa de mim mesmo;
Construir a cada dia o meu “Eu”.


Através de uma metodologia específica de trabalhos laboratoriais exploratórios e experimentais, busca o presente trabalho o encontro do “eu” consigo mesmo, ou seja, a busca da essência do homem pela sua própria existência. O papel do professor, portanto, é desvincular o educando a alienação, evitando que o mesmo se coloque em situações de objeto com ele se identificando. As soluções de “acomodação” deverão ser afastadas para evitar o plano da alienação.

A filosofia fenomenológica da existência parece servir também de aporte para a corporeidade e suas relações afetivas, uma vez que a existência é função do grupo. Portanto, as inter-relações, interações e relações afetivas da vivência através das experiências de vida do educando, na busca de encontro do “eu com o tu” após o encontro consigo mesmo, encontra um gancho nesta teoria.

Devo ressaltar que o pensamento cartesiano, entretanto, diverge da percepção da realidade do corpo colocando como fundamentação desta descrença a insegurança dos sentidos e a possibilidade de sonho: se os sentidos enganam às vezes, podem enganar-nos sempre; além disso, temos imagens de nosso corpo nos nossos sonhos, que não correspondem à realidade. Com sua primazia de “cogito”, Descartes coloca entre parênteses tudo o que é duvidoso. Julga que o sujeito, o “eu”, a substância - consciente a que chama “almas”, é simplesmente o que ela é, mesmo sem corpo e sem mundo, dos quais é inteiramente independente. No entanto, o pensamento é pensamento – de – alguma coisa, ou seria pensamento - de nada ou simplesmente um não pensar.

O corpo humano para Descartes é só quantidade que se move espacialmente, pois a ideia de quantidade é essencialmente extensa. A concepção cartesiana a respeito da realidade do corpo e das coisas do mundo científico, é visto sob o positivismo, uma vez que as ciências materiais é que operam com a ideia de quantidade. Há uma controvérsia de posição a partir deste enfoque.

A discussão em relação ao discurso cartesiano é que o filósofo possivelmente se viu forçado a admitir certa influência mútua entre alma e corpo no sentido de constituir uma só unidade. Os sentimentos de dor, fome não provariam isto? Entretanto, ele perguntava: - como podem perfazer uma unidade essencial das substâncias que não são essencialmente uma unidade? De um lado o homem é uma “re-cogitans”, na substância que se pensa a si mesmo; de outra parte, é também uma “re-extensa”, uma substância extensa.

Esta linha de pensamento nos parece contraditória em sua base uma vez que Descartes reconhece o acima exposto. Para nós também fica claro e achamos que isto até explicita o encontro do eu (o que era Id torna-se Ego) e o encontro do “eu com o tu” ou seja, o mundo subjetivo, interior, com o mundo exterior objetivo dando possibilidade de reconhecer o ser-sujeito e ser-sujeito-de-outros-sujeitos (o eu se concebe como conteúdo em si próprio todos outros “eus”); o meu “eu” é sujeito grande e extrapola outros “seus”, sujeito divinizado através ao “Eu Absoluto” – Deus.

O educador tomando consciência disto deve evitar modelos que tolheriam a opção do educando. Deve o educador, leva-lo a opção para ser ele mesmo, autentico e à consciência do que isto acarretaria em sua experiência de vida: o ser-no-mundo-com-os-outros. Deve despertar a consciência para as opções de sua existência através de uma vivência em abrangência e plenitude.

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