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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

A Educação do Movimento

Constante, Ordenado, Padronizado, Rítmico

Interligado: harmonia:
o Espacial
o Temporal

Movimento Humano

Relação da atitude interna com as formas externas transformando o símbolo de emoções (ação dramática, gesto e dança) em ações através de padrões motores coordenados e ritmados com o universo.

Finalidades
Desenvolver o vocabulário expressivo;
Estabelecer relações;
Utilizar a preparação para desenvolver estágio individual (desenvolvimento pessoal).

Objetivo
Ação motora da criança visa: prazer de viver seu corpo e com ele estabelecer relação com o mundo pelo espaço, tempo, objetos e outros através de situações espontâneas e naturais.

Vocabulário
Aquisição pelo estabelecimento das estruturas sensório-motoras.

Domínio Motor

Comportamento Humano Provoca
Crescimento (mudanças anatômicas e diferenciações estruturais – internas).
Desenvolvimento (progresso e facilidade de funcionamento);
Maturação (mudanças e facilidades de funcionamento). (Herkowits, 1984)

Crescimento, desenvolvimento
Maturação possibilita integração dos domínios do comportamento humano, pois:
Possibilita estabelecer objetivos, conteúdos, métodos de ensino coerentes;
Permite através de observação e avaliação do comportamento acompanhar mudanças;
Possibilita a interpretação do real significado do movimento permeado para ciclo de vida do ser humano.

A visão sistêmica e integrada do comportamento humano (inter-relacionada dos domínios).
Estabelece princípios:
o Totalidade (introdução-domínios)
o Especificidade (predominância de um domínio sobre outros)
Permite análise do significado real;
Favorece melhor atuação do Professor de Dança;
Possibilita eficaz aprendizado motor para o Educando.

Fatores Desencadeadores da Variabilidade da Aprendizagem Motora (fase inicial)

Situações relacionadas a estabelecer indicadores do balanço psicomotor:
Organização espacial;
Estruturação espaço-temporal;
Coordenação óculo-manual;
Conhecimento do próprio corpo:
o Esquema
o Imagem
o Ego
Corporal
Coordenação dinâmica;
Estruturação ritmo-dinâmica
Estruturação e controle corporal (equilíbrio) (Le Boulch & Wayer)

Utilização dos Contrastes pedagógicos:
Da diretividade partindo para liberdade (indiretividade);
De implicação e retirada (grupo assume autonomia real);
De segurança e insegurança (conduz à independência após proteção).

Educação Física – Parte do Esquema Adaptativo do Homem (Lazer, Trabalho e Esporte)

Corpo X Sociedade

O corpo é ao mesmo tempo instrumento de manifestação (relação meio ambiente) e ao mesmo tempo reflexo da estrutura social (contexto determina padrões).

As questões sociais vitais do prazer (sexualidade) energia (agressividade, alegria lúdico) fazem parte da essência do homem e são fomentadas pela sociedade através de valores racionalizados.

Os movimentos retirados das práticas racionais ondes estes fenômenos ocorrem em função de facilitar a possibilidade de comunicação com o mundo exterior:
O corpo age-interfere nos padrões de relações sociais;
O corpo percebe influências da sociedade:
o Herança cultural
o Evolução filogenética
o Arquétipos
Habilidade e criatividade do indivíduo

Portanto, a Atividade Física está ligada:
Ao contexto evolucionário;
A relação de dependência entre passado e presente (estudo da habilidade e padrões motores);
Conceito de Plasticidade e Adaptabilidade do homem;
Observação dos aspectos étnicos.

Aspectos evolucionários relevantes
Aquisição da postura vertical;
Percepção do mundo na linha horizontal (olhos);
A Locomoção Bípede (percepção, habilidade motora);
Interação sinérgica da evolução cultural e biológica (lupedismo);
Preensão seletiva (destreza manual, atitude social, cultura).

Hipótese biológica das atividades físicas (método Dedutivo):
Sobrevivência da espécie (meio agressivo) informações das células germinativas (DNA);
Prazer, satisfação pela atividade física (centro do prazer-hipotálamo);
Controle do SNC no corpo aquoso do fluxo de estímulos e reações (pensamento, sonho, criatividade) – músculo 40% do corpo.

Dimensão Pedagógica da Educação do Movimento

Abrir progressivamente a dimensão vertical através da descoberta e criatividade em situações estruturais de liberdade e espontaneidade onde a criança:

Descobre, utiliza e orienta suas potencialidades e possibilidades individuais relacionadas às coisas;
Parte do estado de dependência que se liberta encontrando a evolução de seu próprio desejo: Pulsão de Vida.

Parâmetros das Dimensões Estruturais
Princípio – corpo em relação com objetos (mundo);
Pele-limites-Espaço-Tempo: objetos (transicionais);
Pele-Espaço contido (lugar dos acontecimentos):
o EU – Interior
o Objeto X Exterior
        Ex.: Fantasia = Espaço “Dentro da Cabeça”
Limites – Fechamento do Espaço – Limites Próprios
o Individualidade;
o Socialização;
o Propriedade.
Espaço-limites entre o EU e os OBJETOS (vertical-horizontal-profundidade)
Tempo-limite do Espaço entre EU e os OBJETOS
Objeto Transicional-Estruturação
o Para limites da pele perceber o espaço;
o Para Espaço perceber os limites;
o Para limites perceber o outro;
o Para percepção do outro usa (objeto transicional) para perceber-se:
        Ex.: chupeta, bruxinha, professora primária/profissão ideal.

Parâmetros das percepções corporais

O esquema corporal
Origem termo – Henry Head, 1911.
Estrutura-sensório-motora (córtex organização do sistema nervoso);
Percepção
o Diagrama
o Mapa

(Desenvolvimento conforme experiências)
o Todo ou Partes
Orientação - coordenação

Consciência Corporal
Estrutura perceptiva-motor (conceituação, cognição);
Componentes:
o Internos
Atenção Visual
Dimensão espaciais    | Lateralidade
Dominância-lateral            | Esquerda-direita
Identificação espaço/temporal
o Externas
Imitação
Direcionalidade
Orientação espaço/temporal

Imagem corporal
Conceito: Introdução (L’Hermite)
o Dimensionou à noção (Schilder, 1935);
o Aprofundamento da noção (Head) esquema corporal, modelo postural, vida afetiva, relação corpo sob emoção modifica valor e modelo postural através do valor relativo;
o Escola Kleiniana imagem corporal em relação aos fantasmas primitivos leva a esboço imaginário (imagem libidinais);
o Concepção Lacaniana – “Imagem em espelho” (perspectiva da teoria, M. Klein).

Esquema Corporal X Imagem Corporal
Reflexos da Realidade Objetiva suporte para representação mental-estrutural da Imagem Real;
O tipo “Alucinatório” ou Fantasmas relação com a parte substantiva (Delírio). (Le Boulch, 1983)

Ego corporal (imagem Interna)
Percepção do corpo com:
o Qualidade
      o Fraco
      o Forte
o Características
      o Magro
      o gordo

Aplicabilidade à Educação do Movimento
O corpo percebido corresponderia à organização do esquema corporal possibilitada pela consciência corporal que efetivaria conquista do equilíbrio adquirido pelas experiências.

O corpo vivido experimentado a nível de identificação (primeira imagem) como seu próprio EU. Uma coisa estaria ligada a outra não existindo, portanto, o corpo físico e outro ESPIRITUAL-METAFÍSICA. (Lapierre & Aucouturie, 1966)

sábado, 29 de dezembro de 2018

Mudanças Comportamentais Observadas na Dança

I. Ao aplicar atividades de ações pré-ativas e conscientizadoras a níveis individual e grupal percebeu-se que o educando:
     a. Tornou-se consciente das induções de sua própria problemática corporal na relação com o outro;
     b. Atenuou ou conseguiu ultrapassar as resistências de modo a ficar corporalmente disponível e adaptável às suas necessidades e do outro;
     c. Tomou consciência de sua própria relação “fantasmática” como o mundo, espaço, objeto;
     d. Encontrou pela comunicação não verbal o suporte da relação pela expressão das emoções vividas na corporeidade da linguagem;
     e. Desassociou os estereótipos verbais da corporeidade da linguagem em correspondência com os estereótipos motores no trabalho corporal;
      f. Estabeleceu mudanças da postura corporal, pela fluência, amplitude e extensão dos movimentos.

II. Ao atender às reais condições, níveis e aspirações do grupo, notou-se:
     a. Permeabilidade mais natural das emoções;
     b. Perseguição dos objetivos próprios;
     c. Extravasamento da aprendizagem sentida, experienciada, percebida;
     d. Espontaneidade na comunicação e expressão.

III. Otimizar atividades com intenção de provocar mudanças de atitudes percebeu-se:
     a. Demonstração de alegria, prazer, entusiasmo consigo e com o outro;
     b. Espontaneidade na ação corporal, atitudes e ações cognitivas;
     c. Melhor aceitação das dificuldades e limitações encontradas;
     d. Atenuação dos bloqueios e conflitos;
     e. Diminuição da agressividade;
      f. Propostas de auto avaliação e discussão de alternativas e soluções, para o grupo.

Dança/educação – O Velho-Novo e o Novo-Velho

O caráter didático da Dança-Educação já se manifesta a 246 a.C., no reinado de Chian Huang Ti – imperador Chinês. Este soberano usou a pantomima bélica como “dança-educação”. O espetáculo tinha o cunho didático de representar a vitória do soberano sobre os nobres rebeldes. Portanto, este tinha o caráter de desencorajar possíveis tentativas de rebeldia e subversão.

Dança através de percepção, sensibilidade e criatividade é processo dinâmico que pela liberação interior das emoções transforma o movimento corporal em veículo de comunicação e expressão. Eis sua essência.

Dança/Educação por sua vez já nasceu com o mais elementar do movimento expressivo que é ictus inicial, princípio da Dança. Toda a evolução da dança mostra que esta sempre se apresentou envolvida no processo ensino/aprendizagem, abrangendo sempre habilidades como perceber, sentir, conhecer, estruturar, criar, tomar decisões, enfim, avaliar.

A essência da Dança/Educação deverá ser dimensionar na improvisação e criatividade como estratégia básica para que o aluno descubra seus próprios movimentos, a partir da estruturação do esquema corporal; assim a busca partirá do interior para o exterior estimulada pelo educador.

O professor em suas experiências didáticas deverá perseguir exercícios mais adequados para introduzir a técnica própria à execução dos elementos citados pelos alunos.

O trabalho executado com esta integração professor/aluno permitirá abordagens de universalidade estética; possibilidades de relacionar a dança com outras áreas do conhecimento interdisciplinar e multidisciplinar.

O processo ensino/aprendizagem DANÇA/EDUCAÇÃO permitirá o desenvolvimento de criatividade, pois este tipo de trabalho seccionou as raízes da reprodução para integrar uma estratégia renovadora desencadeadora de uma perspectiva  de transformação pela possibilidade de compromissos de renovação social.

DANÇA/EDUCAÇÃO, colaboradora do processo de desenvolvimento e transformação integral do Ser pela liberação de potencialidade visa:

Níveis de abrangência
Níveis estruturais
Níveis evolutivo
Níveis funcionais
Arte
Emocional
Evolução
Sentir
Filosofia
Espiritual
Concentração
Refletir/pensar
Ciência
Mental
Liberação
Acreditar/deduzir
Sociologia
Social
Renovação
Integrar
Movimento
Físico
Maturação
Agir



Material
Concreto
Objeto
Arcos, bolas, bastões, balões a gás, elásticos, papel celofane, papel cartaz, giz, barbantes, cordas quadro negro.
Corpo
O próprio ou do(s) outro(s).



TEMAS PARA IMPROVISAÇÃO
Palavra
Palavra/chave
Frase
Fraseado respiratório e pulsação
Movimentos
Câmara lenta
Reação em cadeia
Caras de Baralho
Expressão
Decorando a janela
Tricô
Duetos das mãos e pés
Decodificação
Marionetes (articulação, eixo corporal)
Espelho (Lateralidade)



MÉTODOS E PROCESSOS
EMPÍRICO
Intuição Sensível
Educação Sentidos
RACIONAL
Analogia
Comparação
Indução
Experimentação
LEI?
Dedução
Premissas
SINTÉTICO
Parcial
Busca totalidade corporal
Aplicação (jogo simbólico)
ANALÍTICO
Análise e Leitura Corporal



MEIOS
Oficinas
Criatividade
Fugir ao Trabalho Acadêmico (reprodução)
Laboratórios
Exploratórios (material)
Experimental (ação – nível discurso)


APLICAÇÃO METODOLÓGICA
Valorização as coisas sentidas experienciadas
Contrastes
Sensível emocional
Espontaneidade primitiva (pulsões)
Nuances
Sentir o “aqui e o agora”
Tempo
Contido no espaço
Propriocepção
Internas
Espaço
Lugar onde as coisas acontecem
Exterocepção
Externas
Viver metaforicamente
Usar objetos transacional
Ambivalência
Encontro
EU
Trocas Tônicas (emocional)
TU

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Aportes Filosóficos e Psicológicos que Respaldaram as Concepções

Neste modo de veicular o trabalho, focalizaremos especificamente a maneira de integrar um trabalho psicomotor à psicopedagogia da Dança-Educação. A exploração e o experienciamento do Corpo, é uma tentativa de levar o educando às descobertas, vivências e oportunidades mais criativas através da relação consigo mesmo, com os outros, objetos e o mundo. Esta visão nos conduz a uma forma de canalizar a Dança veiculada através de movimentos espontâneos, naturais, os quais possibilitarão ao educando conceituar melhor o mundo e traria um melhor equilíbrio emocional, tão necessário à estruturação de sua personalidade.

A epistemologia tem como primeira preocupação garantir um conhecimento objetivo e seguro do corpo humano divorciado dos conceitos metafísicos e baseados em situações concretas dos corpos através de uma observação direta. A corporeidade, dentro desta filosofia é tomada como algo concreto, pois se baseia na espacialidade e temporalidade do corpo enquanto organismo vivo. A reflexão filosófica se respalda então a partir das descobertas das ciências experimentais com recursos necessários para explicar o fenômeno de corporeidade como fenômeno vivo.

Este tipo de reflexão filosófica, portanto, se obriga a partir de descobertas através das ciências experimentais. Entretanto, esta não tem recursos para explicar o fenômeno da corporeidade como um fenômeno vivo, tarefas assumidas pela biologia, anatomia, fisiologia e genética, o que traz como consequência o questionar das consequências que estas implicações cientificas acarretam para a compreensão da existência humana.

Para reiterar o exposto acima, cientistas, fisiologistas e filósofos vitalícios como Muller, Jacob, Monod, Kuhn Eizen citados por Santin (1989) defendem a ideia da evolução contínua dos seres vivos e o homem se incluem nesta evolução.

Resumindo, Satin comenta: ... “a partir dos filósofos vitalícios, podemos concluir que a corporeidade não é uma realidade dada, mas um processo franco e contínuo do processo de reorganização seguindo os passos das mutações e das transformações da dinâmica evolucionista”.

A tentativa de fazer o educando vivenciar o corpo em todas as suas dimensões, em outros níveis de forma total e profunda; em outros planos, no real ao corpo vivido na realidade, do corpo simbólico, vivido da fantasia, com toda carga efetiva, emocional, sensório-perceptivo e todos os aspectos do corpo que são ignorados e recusados pela educação que se diz normal, levou-nos a buscar uma nova maneira de trabalhar e mudar completamente o modo de veicular a Dança na Educação.

A abrangência e profundidade do trabalho corporal com todo o seu contingente afetivo na relação com seu próprio corpo, com o outro, com os objetos, com o mundo, levou-nos a fazer uma divisão utópica das dimensões corporais.

Na filosofia fenomenológica de Ponty o corpo seria um organismo em construção, pois, “seu corpo é como um sujeito natural, como um esboço provisório do meu ser total”.

Este aspecto filosófico nos permitiu fazer o viés de nosso trabalho: A DANÇA e a ESTRUTURAÇÃO das Dimensões Corporais e suas relações afetivas – uma proposta para a DANÇA/EDUCAÇÃO.

Neste enfoque colocamos a corporeidade como algo não definido, não pronto, mas sempre um esboço provisório de ser total; é um processo de construção que acontece ao longo de existência.

As construções elaboradas partem do enfoque psicológico da estruturação que flui do interior do corpo ao estabelecer suas dimensões corporais biomecânicas para depois partir para uma existência corpórea contextualizada, isto é, situado no tempo e espaço exterior. A estruturação das dimensões corporais parte do interior para o exterior, portanto, a essência do corpo se despende da existência ao longo da sua construção.

A experiência em Dança através deste tipo de Educação Psicomotora tem mostrado que as estruturas biofísicas, se espontâneas, em gestos e atitudes corporais vem explicitar o que se está passando com o educando através de mudança de posição do corpo mostrado pela contração e expansão do mesmo o que determina uma:
Função do contexto-adaptação;
Função de circunstância-defesa;
Função de inter-relação-expressão.

A função de defesa leva-nos a ver que frequentemente as racionalizações conscientes do discurso corporal tolhem a sua significação. Pela análise do discurso corporal, o educador pode analisar o “eu” corporal – local simbólico de elaboração, pois o sujeito se permite elaborar quando ele está se exprimindo através da linguagem corporal, projeções não ditas de sua vivência, a nível de comunicação. Nesta comunicação, ele se exaure através do corpo real e do corpo imaginário a alguém em trocas simultâneas no tempo e espaço através da expressão de emoção (sintomas externos) e da emoção externada (sintomas internos). O diálogo corporal, portanto, é atitude de projeção sustentada desde o olhar sutil ao gesto, às atitudes no espaço projetando o que tem de si, consciente ou inconsciente através do corpo. Uma postura corporal já é respaldo à globalização contida no contexto; é, portanto, a comunicação, ato de relação, de reviver.

A adaptação seria a assimilação e a acomodação das experiências que o educando captou de experiências vividas, a partir da ação do indivíduo sobre o meio e vice-versa. É a relação sujeito-ambiente modificando suas reações mediante as limitações que este exerce sobre o mesmo, ou seja, modificando suas atitudes de acordo com os limites que o meio impõe.

Neste trabalho focalizaremos especificamente a maneira de integrar um trabalho psicomotor e pedagogia da Dança/Educação tentando levar à criança a descobertas, vivências e oportunidades mais espontâneas e criativas.

Portanto, as várias dimensões e estruturas corporais serviram de aporte ao trabalho com o corpo a partir do potencial do educando para atingir o PRA-SER – essência antológica, arquétipo (eu busco e reencontro a minha essência, minha realidade).

Sob o enfoque ontológico a corporeidade vista por este prisma busca como objetivo específico defini-la em essência de um ser corpóreo que em similaridade possa espelhar todos os corpos particulares. A natureza e essência dos corpos significa exatamente aquilo que o corpo se constitui como tal. A ideia abstrata do corpo nos permite atribuir significado ontológico da corporeidade. É sob este enfoque que se pode estabelecer uma ponte ao estudo metafísico da corporeidade (a antologia, parte da metafísica) se aplica ao estudo do ser enquanto “ente” independentemente de suas determinações particulares.

A base deste trabalho em Dança busca através das estruturas físicas, psíquicas, biológicas do corpo a nível organizacional do espaço-temporal, objetivar sua evolução organizacional, funcional, comportamental e relacional do SER, pelo PRA-SER para ser mais realizado e feliz.

A perspectiva do trabalho é tentar polarizar as abordagens teórico-práticas em Dança/Educação desvinculadas do seu enfoque unilateral e permeando as possibilidades de atuação em um corpo trabalhado de forma total, integral em relação a reação direta do ser inserido no contexto sociocultural: uma relação recíproca recebendo e exercendo influências diretas uma vez que estas são formas de ação, reação, expressão e comunicação comportamentais específicas de cada cultura.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Consciência Corporal e Dimensão Existencial


A descoberta do “eu” interior, de um ser único, individual e criativo é indispensável ao exercício da Dança enquanto forma de expressão da comunidade humana. Isto porque o nosso corpo possui a dimensão existencial (dúvidas, questionamentos, suposições, etc.) que nascem da relação deste com o mundo exterior.

Como em todo processo de ensino-aprendizagem, também na dança é fundamental considerar a relação mundo-eu. A partir desta dinâmica (relação eu-mundo) que emergem as singularidades e particularidades pessoais do ser. É quando o “eu” interior desabrocha impulsionado pelo “eu” Social = Forma de Relação com o Mundo exterior. Isto valoriza a consciência de nossa existência cotidiana e faculta o processo de autoconhecimento – o encontro do “ser consigo mesmo”.

A capacidade energética da relação homem-mundo e canalizada pelo nosso corpo. Este possui uma capacidade energético-vital que potencializa todas as relações e todas as proporções universais nas infinidades de atributos, funções e possibilidades do nosso corpo. Fluxo desta energia é analisada pelo processo criativo de Dança. Seria uma forma de nossa existência revelar a presença de nossa dimensão transcendental de forma materializada pela energia vital.

Em Dança-Educação o Ensino-Aprendizagem, canalizado por um processo criativo poderá potencializar e canalizar esta energia de forma positiva para o encontro do ser com ele mesmo, com o mundo e com o universo. É a revitalização da onipotência do homem através de sua potência cuja base seria o fluxo de energia vital pelo movimento vivido intensamente, expresso em comunicação consigo, com o mundo, com o universo. Desta forma, o homem se insere no universo como também atua como síntese deste universo.

À medida que esta energia vital cresce, uma consciência corporal torna-se mais presente. Quanto mais presente em mim mesmo eu estiver, maior poderá ser a minha produção e conceituação de energia vital para o movimento expressivo da Dança.

A percepção dos espaços interiores (eu-corpo), de localização do fluxo vital é que eu posso ter uma consciência corporal mais intensa. A consciência corporal amplamente dimensionada em suas várias estruturadas me possibilita expressar-me e comunicar-me melhor através da Dança.

Um programa substancial e equilíbrio em nível de necessidades e interesses contextuais de respeito às possibilidades psicogenéticas do educando e a aplicação de estratégias pedagógicas adequadas polarizará efetivamente o processo educativo através da Dança.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Consciência Corporal – Estágios Operacionais em Dança


1° estágio – consciência das partes do corpo.
2° estágio – consciência das articulações, ligamentos e grupo musculares – aparelho locomotor.
3° estágio – consciência dos principais fluxos energéticos (plexo solar, externo, outros).
4° estágio – consciência da dinâmica de movimento – concentração de energia para produção do movimento com qualidades, nuances, vibrantes.

Graduações – forte, fraco, intensos, vigorosos.
Alternâncias – dinâmicos, brandos, diluídos.

Processo criativo aplicados a nível dos quatro estágios citados são: oficinas, laboratórios exploratórios e experienciais e experimentais.

Aplicação

I Estágio – Consciência das partes do corpo

Aplicação de descondicionamento de modelos pelo processo criativo através do LÚDICO para reconhecimento de recursos que encorajam:

Atenção isolada as partes do corpo pela decodificação (leitura corporal);
Observação da dimensão espacial de seu corpo;
Descobrimento da importância da unidade do corpo através de suas partes para o desenvolvimento integral;
Construção de formas plásticas com o corpo pela reação de seu corpo com
o corpo do outro;
Aproveitamento dos sons internos e intercâmbio com sons produzidos intencionalmente pela capacidade vocal ou por partes do corpo.

Exercícios:
     o      “Marionetes”
     o      “Decorando a janela”
     o         “Espelho”
     o         “Dueto das mãos, pés, etc.” (Haselbach, 1988)

Características das atividades

As atividades lúdicas proporcionam a redescoberta resultando uma abertura para o novo, através:
Vivências de atividades que estimulam a imaginação e a invenção;
Conviver com o imprevisível pelo confronto com situações problemas;
Experienciar o “mundo” pelas sensações facultando a suspensão de automatismo.

Utilização de Recursos

Mergulhos nas sensações para reativação dos sentidos e recuperação do mundo sensorial através:
Pequenas situações problemas para liberação de emoções e sentimentos;
Retomada do ritmo natural e individual;
Uso do conhecimento sensitivo na apreensão da realidade.

II Estágio – Consciência do Aparelho Locomotor

Aplicação consciente dos recursos corporais sensoriais e mecânico na execução de movimentos total ou parcial para reorganização do universo pessoal pela:
Percepção das possibilidades do corpo (cinestesia, propriocepção, exterocepção) em relação aos objetos, espaço circundante e distante;
Integração de formas e movimentos do corpo em várias conotações de espaço, sons (internos e ambientais) na criação da evolução corpo/espaço/tempo;
Retomada das formas interiores e sua exteriorização plástica no espaço para conscientização de si mesmo e da relação grupal.

Exercícios:
o “Fraseado”
o “Câmara lenta”
o “Reação e cadeia”
o “Tricô”
o “Cartas de Baralho” (Haselbach, 1988)

Características das Atividades

A expressão consciente pelo uso integral e parcial do corpo voltadas para o pensamento criador:
Práticas das possibilidades expressivas do corpo (estáticas e dinâmicas) pelas explorações das partes do corpo e partes dos segmentos.

Utilização dos Recursos

Aproveitamento do espaço pela conscientização dos espaços internos e externos:
Exploração de formas no espaço físico circundante;
Inter-relação entre o espaço físico disponível e seu próprio corpo;
Composição de formas com os vários corpos e o espaço.

III Estágio – Consciência dos Principais Fluxos Energéticos e da Dimensão Transcendente do Movimento

Aplicação consciente de recursos corporais (sensoriais e mecânicos) e possibilidade de amplitude e qualidade do movimento no tempo e no espaço:
Exploração da retomada das formas interiores e sua exteriorização plástica no espaço;
Inter-relação entre o espaço físico disponível e a situação corporal de extensão, concentração do eixo principal do corpo;
Projeção no corpo, no espaço circundante (consciência kinesférica) ou em relação ao espaço do outro (consciência relacional) ou em relação ao universo pela consciência transcendental do movimento.

Características das atividades

Estabelecimento de relação do seu corpo com o corpo do outro;
Uso integral do corpo em várias direções e sentidos;
Reorganização dos movimentos pelo uso gradual e contínuos do fluxo energético;
Interação da dinâmica própria com a dinâmica circundante;
Projeção e distribuição da dinâmica corporal no tempo dado e espaço circundante;
Vivência de atividades que possibilitam expressões corporais pela variação dinâmica.

Utilização dos Recursos

Composição de formas em sequências graduais de intensidade e alternância;
Utilização de movimentos ricos em qualidades na composição das sequências coreográficas;
Coerência entre a dinâmica expressa e o tema desenvolvido.

IV Estágio – Consciência da Dinâmica do Movimento

Aplicação de graduações, intensidade e alternância do movimento:
Percepção das potencialidades do corpo referendada pela qualidade do movimento do corpo em relação com os outros;
Relação entre intensidade do ritmo interno e externo e as nuances e vibrações do movimento;
Uso de alternância da dinâmica do seu movimento em relação a intensidade do movimento próximo e distante.

Características das atividades

Conscientização de energia própria em relação a dos outros;
Experienciação do movimento em relação as suas nuances graduações, alternâncias de vibrações e de progressões de intensidade;
Vivência de atividades que estimulam a percepção da dinâmica.

Utilização de recursos

Organização do espaço interior em integração com o espaço exterior dos corpos e dos objetos;
Inter-relação da potencialidade corpo-mente-emoção em relação as possibilidades do corpo do outro;
Composição da variedade de formas do corpo com a qualidade e amplitude de formas dos outros corpos.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Elementos estruturais da Consciência Corporal

O corpo possui, portanto, uma dimensão subjetiva. É através da subjetividade do ser, em sua dimensão histórica, que este expressa e manifesta sua iniciativa e segurança, revela o significado da vivência corporal, suas dificuldades e necessidades, através de uma simbologia própria que contém o aspecto afetivo e emocional externado pela comunicação não verbal. Esta comunicação, através do corpo, é veículo de expressão do inconsciente e filtra sem freios, sem castrações e emoções pelas metáforas. Esta perspectiva possibilitará ao educar penetrante na subjetividade do educando uma vez que a linguagem corporal filtrada será livre e espontânea.

É essa uma forma de expressão (ex-pressão = fora de pressão) ou expressão não verbal de ordem simbólica. A nível de corporeidade, a linguagem corporal estrutura a vivência do corpo liberando e focalizando no discurso do mesmo, sua análise e as justificativas das experiências vividas em conteúdo simbólico dos diferentes comportamentos corporais espontâneos. Estes possibilitarão reconstruir e integrar os elementos estruturais e as inter-relações pessoais. São eles: o esquema corporal, imagem corporal e o ego corporal.

Resumo

Consciência Corporal com estrutura perceptiva-motoras tem por base componentes internos (atenção visual, dimensão espacial, acuidade e discriminação espaço/temporal e identificação das partes do corpo, etc.) e componentes externos (direcionalidade, orientação espacial, lateralidade e outras).

Esquema Corporal com estrutura sensório-motora e a organização a nível do sistema nervoso.

Imagem Corporal com estruturas cognitivas é o esboço do corpo imaginário, é a representação mental do corpo na tela do Ego induz a existência de corpo; estabelece relação com o histórico pessoal, com a família, consigo mesmo.

Ego Corporal é a percepção do corpo, com qualidades (fortes) e características (magro); é o corpo vivido, experimentado a nível de identificação das primeiras imagens do corpo identificado com o seu próprio “eu”. A imagem corporal representa o corpo na tela do Ego; sendo este mediador entre o indivíduo e o meio ambiente, revela a imagem senso-perceptiva com operações de associações, reflexões e reações. Pelo Ego percebemos, coletamos, operamos e nos firmamos em nosso mundo interior e exterior. É autoestima, autoafirmação, tão importante na estruturação da identidade do SER.

Esquema


Percepções Sensoriais das Dimensões Corporais
(Nanni, 1989)

Esquema Corporal

Pesquisas mostram que as significações dadas atualmente ao “corpo na educação” se resumem em duas grandes correntes:
A primeira se debruça sob os aspectos simbólicos do “corpo” da inspiração psicanalítica;
A segunda, inspirada pelas técnicas de educação pelo movimento onde o corpo-objeto estabelece conexão com a linguagem verbal tem como base a educação psicomotora de Le Boulch.

O esquema corporal fruto de longa progressão de estudo dos neurologistas, psiquiatras, psicopedagogos que se interrogam sobre as sensações, percepções e integração do corpo e as conexões das inter-relações da criança no mundo dos outros, com o objeto, consigo mesmo. Aspectos funcionais do corpo quanto os aspectos psicológicos levam-nos a considerar e questionar sob este enfoque com muita seriedade e persistência.

A estruturação do esquema corporal é a etapa pela qual a criança vive o seu corpo pelo comportamento motor global, utiliza o corpo para movimentar-se e pelo conhecimento progressivo do reconhecimento do corpo como objetivo, age e toma consciência das possibilidades de transformar o mundo que as rodeiam.

A maturação corporal e a estrutura sensório-motora cuja ação a nível do sistema nervoso pela mielinização progressiva lhe permite utilizar melhor o corpo percebendo-se e percebendo os seres e as coisas em função do seu “próprio corpo”. Le Boulch postula que o esquema corporal é de fundamental importância para a aquisição das noções do desenvolvimento psicomotor e as ações em geral que a criança estabelece com relação ao mundo. É a partir do sujeito – mundo, ao perceber os seres e as coisas que a cercam em função do seu corpo e das possibilidades de agir e transformar o mundo que ela estrutura progressivamente suas personalidades.

O referencial “domínio do corpo” se integra proporcionalmente ao domínio do comportamento. Segundo Defontaine (1978), Holle (1979 apud Romero, 1983) esta integração e utilização do esquema corporal facilita a adaptação das crianças no espaço e no tempo com harmonia e equilíbrio em suas atividades diárias em relação ao meio; aprende a enfrentar as dificuldades, a lançar-se aos desafios; a executar tarefas com responsabilidades e integrar-se com os outros e ao mundo social.

Os autores citados convergem suas atenções para as mesmas convicções: o desempenho de tarefas “cognitivas e motoras” dependem essencialmente do conhecimento das partes do corpo e de uma boa estruturação do esquema corporal.

Consciência Corporal

Para Le Boulch (1977) a criança delimita o próprio corpo de mundo dos objetos de acordo com as leis céfalo-caudal e próximo-distal. Autores confirmam que o conhecimento das partes do corpo realiza-se de forma interna pela simbolização da imagem quando a criança sente as partes do corpo do outro e de forma externa ao ver cada segmento seu espelhado em outra criança ou em outra figura. Esta etapa decorre da percepção vivida ou flui pelos canais que conduzem à abstração e à reflexão. A cognição envolve e serve apenas para que o corpo esteja associado à sua verbalização.

Consciência corporal como estrutura perceptiva-motora tem por base componentes internos como atenção visual, dimensão espacial, lateralidade e identificação com as partes do corpo e outras, e componentes externos: direcionalidade, orientação espacial, sentido do movimento total/parcial sinestésico por exemplo.

A consciência das partes do corpo, de como movimentar seus segmentos corporais de forma unilaterais, bilaterais, alternados, fragmentados, etc., dará a esta um background e grandes vantagens na aprendizagem de atividades psicomotoras em níveis crescentes, qualitativa e quantitativamente.

As vivências e experiências decorrentes do sentir e perceber as partes do corpo constituem para um melhor controle adaptativo: ao diferenciar as diversas partes do corpo, sentir a importância das mesmas, atingir uma independência de movimentos, dispor se corpo a interação e ação com o mundo e no mundo darão disponibilidades à criança para uma ação melhor vivenciada de seu universo.

Imagem Corporal

Segundo Guiselini (1989) é pela experiência vivida no movimento global, enquanto distingue seu corpo do mundo dos objetos, que a criança estabelece o primeiro esboço de sua imagem corporal e parte para a descoberta do mundo exterior. Imagem corporal como estrutura cognitiva é o esboço do corpo imaginário na tela do Ego; e induz a existência do corpo.

A emergência da função de interiorização, último nível da etapa da estruturação do esquema corporal permite à criança distinguir seu corpo. É através da evolução do conhecimento do seu corpo introjetando a imagem de outras pessoas ao integrá-las as vivências que ela perceberá que possui aspectos de outra pessoa semelhante as ações e seus aspectos. À medida que a criança percebe seu corpo, passa a perceber o ”ambiente” e as pessoas e isto possibilita desenvolver-se plenamente. Isto resultará para a criança em um equilíbrio emocional, pois, estava bem integrada consigo. Isto é sem dúvida o ponto de partida para relacionar-se bem com os outros e com os objetos.

Outro fator importante para o educador se baseia na afirmação de Costa (1978)... “as crianças sem o conhecimento da imagem corporal têm dificuldades de aprendizagem de atividades que requeiram a movimentação das partes do corpo” – etapa seguinte da estruturação do esquema corporal. Assim ela terá grande dificuldade em atividades de movimentação segmentar unilateral, bilateral ou cruzadas.

Dentro destas perspectivas, percebemos que a imagem corporal possibilita descoberta do mundo exterior e possivelmente uma melhor relação com o mesmo.

Ego Corporal

A representação mental do corpo na tela do Ego induz este a perceber a existência do mesmo.

Ego corporal é a percepção do corpo com qualidades (forte) e características (magro); é o corpo vivido, experimentado a nível de identificação das primeiras imagens do corpo identificado com o seu próprio “Eu”. A imagem corporal representa o copo na tela do Ego; sendo este mediador entre o indivíduo e o meio ambiente, revela a imagem senso-perceptiva com operações de associações, reflexões e reações. Pelo Ego percebemos, coletamos, operamos e nos afirmamos em nosso mundo interior e exterior.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Linguagem Corporal “Uma Proposta de Trabalho para a Dança/Educação”

Discussão

Linguagem e emoção, re-unidade da distância dos corpos. Ela possibilita a fusão a nível corporal através do corpo. O espaço fusional é emocional e profundo através da globalidade psicossomática, possibilita a re-unidade do ser, pois a emoção é uma reação indissociável desta globalidade a nível pessoal, quebrando o corpo dualista: espírito racional e corpo afetivo. A separação entre o espírito racionalista e objetivo e o corpo afetivo, subjetivo seria uma fuga à afetividade, à emoção e à funcionalidade da comunicação corporal com tendência a despojar a linguagem de qualquer conteúdo subjetivo e emocional tornando uma linguagem fria; esta veicularia informações e abstrações, destituídas de emoção.

Uma linguagem corporificada afetivamente é uma linguagem de “toca”, que serve de mediador e unificador dos seres; romperia a barreira da solidão, pois permite através da fusão a abertura de todas as direções do espaço físico e temporal, da vivência profunda, vivência esta que leva o mesmo em direção ao infinito (projeção simbólica) – o espaço de fusão entre o homem e o universo, desejo inerente do homem de integrar seu corpo nas estruturas espaciais. É um ideal fusional de caráter místico, tão bem caracterizado por exemplo, pelas danças rituais.

A linguagem corporal através da dança registra o real, o simbólico, o imaginário, interligando os objetivos que articulam o corpo simbólico ao corpo imaginário permeado pelo corpo real.

A linguagem corporal, como toda forma de expressão, é a força dirigida para fora. A Dança, seria a metáfora corporal, ou seja, presença de movimento que é a linguagem corpórea de cada pessoa vazada através da janela da unidade do ser no plano físico, mental, emocional. Assim, o corpo fala de forma explícita – quando se mostra claro, objetivo, direto, através das representações históricas do corpo histórico e do “aqui e agora” do corpo presente em interação com as perspectivas físicas no espaço mental.

O plano das sensações veiculadas pelo estímulo sensorial permite através da articulação do corpo simbólico ao corpo físico elaborar e externar a expressão concreta do conteúdo vivido pelo “ser” e manifestado pelo corpo instrumental através das sensações e sentimentos que são reflexos do mundo em movimento registrados por ele ao vive-lo. A comunicação através da linguagem corporal é o ato de relação, é ato de viver.

Visão psico-pedagógica da linguagem corporal

A visão psicológica tenta penetrar na dinâmica gestual do educando, repleta de respostas qualitativas em seu conteúdo emocional, importantes para o educador como referencial; saber-se que o educando estará mais disponível as atividades intelectuais quando tiver resolvido seus problemas afetivos.

A visão pedagógica utiliza situações e atividades espontâneas através de atividades motoras criativas externadas em ações sobre o meio, objetos, pelas noções estruturais de afastamento, aproximação, espaço, direção, intensidade com proposições não premeditadas, viabilizadas pelo processo criativo.

Este tipo de trabalho em Dança, através de uma pedagogia aberta, permitirá ao educando viver seu próprio corpo no plano pulsional, afetivo e fantasmático de forma espontânea e natural sem a angústia das castrações de atividades só direcionadas para o corpo instrumental. Neste plano, o educador introduz, na escola, o corpo tônico como também o corpo imaginário ao permitir ao educando exprimir uma atividade subjetiva e emocional em seu desejo fusional de complementariedade narcisista, que sob este enfoque dá um sentido, uma significação, uma finalidade para o mesmo.

A evolução deste tipo de atividade em dança, possibilitará uma melhor conscientização do educando e a busca, portanto de melhores condições de vida. É evidente que este tipo de educação gera diferentes tipos de indivíduos e sociedade. Portanto, na prática, a educação através da dança é um meio e um apelo a uma educação mais efetiva e com uma qualidade de relação mais substancial, pois em suas reações tônicas existe fortes conotações emocionais e afetivas, capazes de possibilitar seres mais afetivos e ser-no-mundo – com-os-outros.

A estruturação Corporal – Aporte da Linguagem Corporal

Segundo Le Boulch (1983) e Vayer (1986) o corpo é referencial permanente, o eixo da percepção existencial do ser humano no mundo. Prescinde, entretanto, à sua volta do domínio corporal como elemento fundamental para o domínio do comportamento.

O corpo estrutura suas linhas gerais ao longo da infância e projeta-se numa evolução dialética, inacabada durante toda existência do ser humano.

Três etapas de estruturação corporal são fundamentais para a adaptação da criança ao mundo em seu espaço e tempo com uma dose de harmonia e equilíbrio emocional. São elas: elaboração, evolução e socialização.

O Período de Elaboração se desenvolve através do jogo simbólico quando a criança representa uma imagem mental usando a função de interiorização para idealizar ou introjetar de forma global seu “corpo vivido”.

O Período de Evolução é a etapa na qual a criança estabelece o primeiro esboço da imagem corporal, criando impressões, introjetando a imagem de outra pessoa às vivencias já integrado pelo corpo vivido. Isto permite um retorno da criança a si mesmo e esta toma consciência e sente o seu corpo; evolui em seguida para perceber o ambiente e as pessoas. Tudo isso constitui passos e etapas para a estruturação de sua personalidade. É a vez dela perceber que ela não é outro mais diferente do outro; tende não mais assimilar os sentimentos e atitudes do outro, mas afirmar sua própria personalidade.

O Período de Socialização, é resultante de várias sensações provindas dos sentimentos externos como estímulos sinestésicos que lhe permitem ter noção global do esquema corporal, da integração dos vários segmentos e das percepções favoráveis à sua orientação e situação no espaço.

Todos estes aspectos de experiências vividas à criança distinguem seu corpo do mundo dos objetos; parte então para relacionar-se com os outros e com os objetos – se socializa.

Schilder (1934) apud Costa (1981) legitima que o esquema corporal é a imagem do próprio corpo que se projeta no espírito de cada pessoa, ou seja, o modo o corpo se apresenta a cada um de nós. Schilder (1934) apud Rhoden (1984) analisa o pensamento de concepção freudiana de que a imagem do corpo corresponde a uma instrução progressiva que se constrói em torno das zonas erógenas pela associação com a estrutura libidinal.

Segundo Le Boulch (1983) Demeur e Staes (1984) apud Rhoden (1989) as etapas de estruturação do esquema corporal podem ser assim concebidas e discriminadas da seguinte forma:

Estrutura do esquema corporal em conexão direta com o “comportamento motor global” cuja etapa é a do corpo vivido até três anos.
Estruturação do esquema corporal pela discriminação perspectiva das partes do corpo cuja etapa do conhecimento corporal se estende pelo período de aproximadamente de três aos sete anos quando a criança centraliza a atenção sobre o próprio corpo, o que lhe viabiliza a conscientização das características corporais com atenção especial sobre as etapas do corpo como também sua interiorização.
A estruturação do esquema corporal nesta última fase se caracteriza pela “orientação do corpo no espaço e no tempo”, portanto em relação com o objeto, com o outro e consigo mesmo, etapa esta que ocorre pelo período dos sete aos quatorze anos.