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terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O Folclore e as "Projeções Folclóricas"

O folclore tem sido utilizado nas danças eruditas, clássicas e modernas de várias formas, à semelhança do que ocorre nas outras artes.

É importante salientar que pelo fato de ser organizado dentro de uma orientação erudita e com o objetivo primordial de dar espetáculos, estes grupos não são considerados folclóricos. O aproveitamento da expressão cultural do folclore nas danças ou em outras artes sob inspiração de temas folclóricos são projeções folclóricas. Nesta conotação sob espetáculos didáticos escolares temos como exemplos mais frequentes as danças típicas como frevo, capoeira e outras, ou então exploradas para exibições como o “Scala” e a “Plataforma” no Rio de Janeiro ou como no “Oba Oba” que se espalharam como os Sargentelli por vários locais do Brasil cuja projeção mais frequente incide em cima do Samba.

Faz-se notar que de maneira geral, os grupos que exibem danças folclóricas incidem com frequência em anos de interpretação, devido ao objetivo frequentemente voltado para a exibição e show. Outro erro de reinterpretação e projeção folclórica é o de designar os grupos como “Ballet Folclóricos”, como por exemplo temos o conjunto de Danças da Guiné conhecido como Ballet Africano ou outro Ballet Nacional do Senegal pelo simples fato de serem organizados dentro de uma orientação erudita e com o objetivo primordial de dar espetáculos. Entretanto, segundo seus organizadores, as próprias danças vigorosas como o caso da Guiné, Ucrânia, Cáucaso, Capoeira (no Brasil) por si só já poderiam ser uma preparação corporal dos dançarinos. Segundo De Moraes (1974) o povo quando dança ou promove seus folguedos, o faz à sua maneira com uma aprendizagem peculiar e principalmente por razões diferentes daquelas que motivam os conjuntos amadores e profissionais. Assim, no Brasil, os folguedos populares geralmente aparecem nas festas religiosas e datas santificadas, mostrando que a devoção vem antes do divertimento ou do objetivo de exibição.

No Brasil, os grupos de organização de forma permanente e realizando esse tipo de aproveitamento são poucos ao considerar o nosso país rico em música, ritmos, variedade de riqueza de movimentos. Em São Paulo, nasceu por volta de 1960 o “Conjunto Folclórico Malungo” dirigido pelo próprio De Moraes e Maria Luíza e Viva Bahia e Olodumaré, conjuntos folclóricos da Bahia e ainda o grupo da bailarina afros da professora Mercedes Batista no Rio.

Na dança erudita temáticas como o “Uirapuru” de Villa Lobos, “Variações sobre o tema Nordestino” (Coco-música e dança nordestina), o Ballet “Yara” de Francisco Mignone, Suíte Sinfônica n° 1 de Guerra Peixe, foram Ballets consagrados, sem fazer alusão aos Sambas, Batuques, Bumba-meu-Boi, Maracatu, Capoeira e Frevo, ricamente foram coreografados para Teatro, Cinema e Televisão.

A projeção do folclore nas danças antigas é recomendável na medida que atenda aos objetivos educacionais e sociopolíticos com conotações positivas e na medida que sejam resguardadas o mínimo de exigência de sua fidedignidade e autenticidade com elementos pertencentes a uma cultura a ser resgatada, mas, também preservada.

O folclore não se hierarquiza em classes e elites. Sua maturidade no sentido vertical e horizontal é da maior importância para o desenvolvimento de dados, processos dinâmicos e como consequência disto decorre o resultado de relações constantes e necessárias entre todos os membros da sociedade. A riqueza das nossas danças resultou consequentemente deste fenômeno. Elas possuem características regionais pois, dependem das influências étnicas que se fizeram sentir mais fortes ou mais brandas em determinados lugares.

Para maior entendimento ressaltamos o seguinte: os aspectos indígenas se fazem sentir com maior intensidade nos estados do Amazonas e Pará; o africano na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro e o europeu no Sul do país.

O fato folclórico é um componente vital e rico manancial sociocultural do povo brasileiro pois constitui a maneira de sentir, pensar e agir do mesmo preservadas pela tradição popular e pela mutação e transculturação, principalmente as danças em suas formas originais sem influência direta do oficial ou do erudito.

Sendo a Dança a marca cultural de um grupo, o povo que não cultiva parte de suas raízes - dança folclórica, pede parte de sua identidade.

A inclusão dos elementos de cultura regional ou local em um programa de Dança/Educação com a implementação de fatos históricos que exclui permissão da cultura dominante permitirá a participação mais ativa e dinâmica na aula de dança, descoberta de possibilidades de formas e movimentos pela percepção dos componentes de seu corpo social e cultural onde as características individuais e da coletividade se fazem evidentes e consequentemente veicula o engajamento no comprometimento social como consequência da ação conscientizadora e emancipação da dança contextualizada.

A Dança contextualizada, com suas características peculiares e originais, canalizam qualidades íntimas de animação e grande dose de criatividade poderá carrear valores filosóficos socioculturais e estéticos ao engajar na realidade do quotidiano, o generalizar ideias e tendências e concepções; permitirá desenvolver vocabulários formal próprio e assimilar o caráter regional.

Um programa de Dança/Educação ao incluir dentro os seus objetivos e finalização fatos folclóricos com elementos imprevisíveis e qualitativos no âmago de uma essência, deverá voltar-se para a tentativa de ampliar a capacidade de pensar, refletir, sentir e agir artisticamente através do conhecimento dos elementos folclóricos como Arte e Educação e, portanto, com objetivos significativos.

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