Japão
As danças no Japão, variadas e espontâneas, integravam
festas rituais como o plantio do arroz, a da noite do retorno das almas, a da
floração das cerejeiras, a barca das lanternas.
Masculinas ou femininas, estas danças ilustram lendas ou
crenças sobre a relação entre divindades e natureza. A teatralização de
costumes populares e práticas religiosas que a dengake a surugaki se
assemelhavam às pantomimas romanas e se alternam entre o enfoque dramático e
cômico (Portinari, 1989: 46).
As peças caracterizam-se por enredos que mesclavam o natural
e o sobrenatural.
Entendemos o ensino da dança antes da chegada do Ballet
somente pelo seu aspecto de tentar reunir influências do xintoísmo e do budismo
como forma de interpretação para o povo através de seus rituais.
Portinari analisa como primeiros codificadores do gênero
“Nô” que ressaltavam os aspectos acima mencionados identificando com
Kanmani/Kyotsugo (1333-1384) o seu filho Searni (1363-1444) que selecionara
temas e escreve diversas peças.
Entendemos o “Nô” como uma dança antiga de cunho expressivo
capaz de passar mensagem através de uma comunicação corporal que educa o povo.
Mais do que outros países orientais, o Japão abriu-se às
influências estrangeiras convivendo em igual significação o tradicional e o
moderno na cultura japonesa, e o Ballet ganha no Japão muitos adeptos.
China
Na antiga China, a Dança teve lugar privilegiado na corte
imperial; integrava-se a dois princípios básicos da cultura chinesa
representados pelo Yo, a música, e Li, os rituais. Através desses ritos,
honrava-se a memória dos ancestrais e o espírito do Grande Mestre (Deus, guia)
que representava a fonte da virtude.
Com o domínio da dinastia dos Chou (1122-225 a.C.), a China
alcança o maior esplendor de sua cultura. Foram fundadas escolas em sistemas
verticais (que hoje corresponderia ao sistema atual) dentro das quais se praticavam lutas, desportos e danças. Dentre as danças na Educação, a dança das espadas
era praticada pelo exército e nas escolas, creio, como forma de dar forças e
vigor físico e desenvolver a coragem e o destemor.
No reinado de Chum Huang Ti que sobe ao trono
aproximadamente em 246 a.C., era usada uma pantomima bélica, que representava a
vitória do soberano sobre os nobres rebeldes. O superespetáculo de caráter
didático era encerrado como educação dos súditos para fortificar a sua fiel
obediência ao imperador-deus.
Na monarquia absoluta de Ying-Chang, as danças eram também
praticadas. Com o imperador Han-Wu-Ti que sucedeu o anterior, estabelece o
cerne da cultura chinesa e nela inclui danças realizadas em cerimônias com
cunho educacional (Marinho, 1984: 35).
Egito e o Povo Hebreu
Dentre as civilizações antigas, cuja dança tinha caráter
sagrado, se destaca o Egito. Como tal, a dança tinha um caráter eminentemente
ritualístico, voltado para a adoração de divindades como Osíris, Isis, seu
filho Hórus – trindade básica da religião egípcia.
Além do caráter sagrado das danças egípcias, havia também o cunho
educacional. Entretanto, cabe ressaltar que o festival de Abydos realizava-se
de acordo com indicações em hieróglifos e era garantido pelo ensino do esquema do
Festival através de anotações. As indicações de hieróglifos (codificação dos
ensinamentos) garantiam a repetição de um esquema. Portinari analisa que havia
diretivas para a ação precedida pela identificação de cada deus. Os personagens
usavam máscaras e executavam um gestual estipulado acompanhado de cantos e
danças.
Devido a essa codificação do esquema do Festival de Abydos,
os historiadores situam-na como ancestral do teatro.
Os hebreus, sendo uma austera civilização centrada numa
divindade única e material, raramente utilizavam a dança no culto, pois são
proibidos de representar seres vivos.
Há, entretanto, algumas alusões às danças nos livros como os
salmos, mas sempre de forma vaga: Louvemos Javé através de cantos e danças.
O povo hebreu é o único a não ter transformado sua dança em
arte, denota Bourcier (1970:17).
Segundo o historiador André Cagnot, os hebreus teriam
aprendido a danças durante o cativeiro no Egito (Portinari, 1989, 22). Por este
motivo, a Dança de Salomé, possivelmente como arte de sedução, teria conotações
da arte egípcia.
Grécia
Os gregos deram importâncias à Dança desde os primórdios da
civilização. Ela aparece em mitos, lendas, cerimônias, literatura e também como
matéria obrigatória na formação do cidadão (Portinari:1989: 23).
Em Esparta Antiga, os jovens praticavam a embateria,
ginástica rítmica que lhes dava resistência e agilidade necessárias à vida
militar.
Em Atenas, só era considerado educado o homem que além da
política e filosofia soubesse também tocar algum instrumento, cantar e dançar;
Portinari (1989, 34) relata: “Platão (428-347 a.C) refere-se
à dança integrada ao aprendizado da música e do canto, dizendo nas LEIS que as
artes corais são imprescindíveis ao homem educado”.
Enfatiza, porém, que há
duas espécies de música e dança: uma nobre e uma ignóbil. A nobre imita o que é
belo e correto, devendo assim ser ensinada às crianças, pois contribui para o
equilíbrio da mente e o aprimoramento do espírito.
O pensamento ocidental, sobre o qual Aristóteles exerceu
poderosa influência, deu atenção às questões da Dança na Educação, mas como
atividade profissional. Entretanto, a música e a dança lhe pareciam indignas do
cidadão.
A Dança recomendada pelos filósofos gregos era aquela que
cultivava a disciplina e a harmonia das formas.
Na Grécia, a Dança constituía parte fundamental da Educação:
realizada de várias formas, era empregada a partir dos cinco anos até o limiar
da velhice.
A educação, na Grécia, consagrada às crianças e jovens, era
dividida em plano educacional, elaborada por Platão resumindo em cinco etapas. Era,
entretanto, na primeira etapa que a música e a dança exerciam maior ênfase na
formação dos jovens. Sócrates dizia: “Devemos começar pela música antes que a
ginástica”. Para os gregos, a música era aliada ao movimento emocional; parte
da educação das crianças de 7 aos 17 anos (Marinho, 1984: 50).
Os cantos e as danças visavam exaltar Apolo, o mais querido
dos deuses para os gregos que acompanhavam-no com cantos.
Os espartanos usavam a dança como uma atividade de maior
importância para a educação dos guerreiros, atribuindo-lhe elevada
desenvolvimento de forma, sobretudo como meio de preparação para a luta e o
pugilato. Consideravam-na de grande importância para a preparação corporal, que
chegavam a dizer que os melhores dançarinos se convertiam nos melhores
guerreiros.
Os gregos, com exceção do Ballet, conheciam todos os tipos
de dança, afirma Diem. Das atuais às em desuso. Praticavam danças individuais,
grupais e em grandes conjuntos. As mais comuns eram os rituais funerais,
guerreiras e folclóricas, expressionistas e pantomímicas com motivos da
natureza e com os ritmos da fecundidade. Algumas eram sistematizadas por uma
série de exercícios para correções posturais e do movimento, hoje educação de
movimento.
Pelo exposto, podemos perceber que as danças gregas
abrangiam uma vasta forma de danças educacionais (Jordão, 1989, 111).
A filosofia era primordial para os gregos. Os filósofos
Homero, Sócrates, Platão, Pindar, Sólon, Pitágoras praticavam também Danças. "Devemos
dar ao corpo e ao espírito toda a beleza de que são capazes?", era uma máxima de
Platão. Assim, a integração da filosofia às artes era objeto de inspiração para
a educação da Grécia, destacando-se o canto e a dança como principais entre
elas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário