No caso brasileiro, as danças populares devido a profusão de ritmos, riqueza de movimentos, variedade de formas e função de seus conteúdos provindas das influências étnicas variadas, torna-se por demais difícil e arriscado suas classificações detalhadas e definitivas.
Entende-se por Danças Folclóricas as expressões populares desenvolvidas em conjunto ou individualmente, que tem na coreografia o elemento definidor. Originalmente estes existiam enquanto elemento integrante de rituais religiosos, guerreiros, fúnebres ou dos ritos de passagem dos povos primitivos. As transformações por evolução se devem nas origens dos movimentos repetitivos, imitativos, mímicos ou simbólicos marcados por um ritmo. De simples marcação rítmica, seguindo sugestão da linha melódica foi se tornando cada vez mais complexa pela inclusão de outros elementos mais leves ou requintados chegando a arte popular autônoma, liberta e em contínua criação. Estas manifestações exclusivamente originárias da coletividade que estabelece suas configurações espaciais, se organizam em colunas, fileiras, círculos ou às vezes com um solista no centro do mesmo e em contínuo processo evolutivo denomina-se Dança Folclórica. Às vezes, se desenvolve em pares entrelaçados revelando as conotações sexuais ou influências do elemento colonizador.
De simples marcação rítmica, a Dança chega a arte autônoma, liberta e em contínua criação do povo pelo povo.
As danças populares brasileiras da sua grande variedade de manifestações dificultam os estudiosos as tentativas de classificação. Retrato de Almeida em sua obra Histórica da Música Brasileira agrupou-se quanto a coreografia e aos dançarinos apresenta a seguinte classificação:
Coreografia:
• Mímica – “Peru-de-Atalaia” (AM)
• Acrobáticas – “Corta-jaca” (RJ, BA)
• Figurações – “Quadrilha” (BR)
• De roda – “Ciranda” (PE, PB)
Dançarinos:
• Par solto – Chimareta (PE, PB)
• Par unido – Tote (NE)
• Conjunto – Serafino (AM)
• Individual – Trevo (PE)
Frade (1991) apresenta os seguintes aspectos como forma de sistematização:
• Quanto ao sexo dos participantes;
• Quanto ao período de celebração;
• Quanto ao espaço de realização;
• Quanto à área geográfica;
• Quanto à indumentária.
Quanto ao Sexo dos Participantes
Quanto ao sexo dos participantes, em geral se constitui com a presença de ambos os sexos, geralmente formando pares ou integrando conjunto sem determinação de duplas conforme ocorre no Caxambu, no Jongo, no Batuque, por exemplo. Frade (1991) faz alusão às danças desenvolvidas por homens que trazem conotações e rememorações de guerra ou fazem alusões às lutas ocorridas na Península Ibérica do período medieval somadas às influências étnicas transculturadas para o Brasil pelos africanos. Estas danças rápidas que trazem conotações vigorosas, ágeis e viris são desenvolvidas em várias partes do país com conotações e características peculiares de cada local: Maculelê, Mineiro Pau (Maneiro Paú), Chula, Dança do Facão, Carita, são executadas por homens.Quanto à presença exclusiva do sexo feminina no desempenho de algumas danças folclóricas é muito insignificante. Frade (1991) cita a existência do Milindô na região do Cariri no estado do Ceará.
Quanto ao Período de Celebração
Por razões históricas-aculturativas as danças folclóricas e populares no Brasil são divididas e agrupadas por festas cíclicas e festas móveis.As danças das festas cíclicas estão incluídas em um calendário fixo de cunho oficialmente religioso apresentadas, portanto, apenas num determinado período como a Quadrilha no ciclo junino, o Frevo no Carnaval de Pernambuco, o Maracatu também em Pernambuco.
As danças realizadas no decorrer do calendário popular fazem parte do quadro das devoções populares que se secularizam como o Caruru, a Dança de São Gonçalo.
Outras possuem grande flexibilidade e são apresentados em celebrações religiosas de predominância laica: em celebrações litúrgicas ou comemorações religiosas como aniversários, casamentos, batizados. Temos como as Cirandas de Pernambuco e do Sul-Fluminense.
As danças de calendário fixo são aquelas apresentadas em datas pré-fixadas pelo sincretismo religioso do candomblé ou pelas festas católicas. Como exemplo a Festa de Iemanjá de 31 para 1° do ano, com a festa da Imaculada Conceição no mesmo dia.
Quanto ao Espaço da Realização
As danças folclóricas segundo nossas tradições e influências étnicas se realizam em dois espaços distintos: o interior das casas (salões ou salas) e o exterior da casa (terreiros e quintais).As “Danças de Salão” revelam a ação colonizadora na estruturação das linhas melódicas e na organização coreográfica e geralmente mais requintadas demonstrando preocupação estética; são geralmente influenciadas pela sociedade europeia. As características peculiares incidem na estrutura grupal – de pares soltos ou fixos, porém determinados. No Rio de Janeiro uma grande “amostra” destas danças é o grupo “Maria Antonieta”, cujos discípulos já se espalham por todo o Brasil levando ensinamentos de danças como o Maxixe, Samba, Milongas, Tangos e outras.
As “Danças de Terreiros” ao contrário das acima relatadas apresentam maior liberdade tanto no aspecto coreográfico quanto na liberdade de música e movimentos sem preocupação com o erudito. A Estrutura coreográfica geralmente guarda resquícios da “Carola” pois se organizam em roda com os sem solos de destaques e a formação aos pares não é obrigatório como “o Caxambu”, o “Jongo”, a “Ciranda nordestina”; outras possuem estrutura na coreografia rígida da evolução, porém resguarda a improvisação do movimento corporal ou a individualização do gesto como a Mineirinha (Minas Gerais), a Balainha (Paraná e Santa Cataria) e o Pezinho (do Rio Grande do Sul, etc.).
Quanto à Área Geográfica
Esta particularidade da divisão das danças folclóricas está intimamente relacionada com a incidência dos grupos étnicos localizados nos estados ou regiões do Brasil.As características quanto à área podem ser locais como as danças populares como o “Frevo” em Pernambuco, o “Milindô” no Ceará, a dança do “Lelê” no Maranhão, etc. As regionais como o “Coco” em todo o Nordeste, a Gambá no Norte e o Fandango no Sul; outras são dançadas em todo o Brasil, como as Canas Verdes, o Samba, a Quadrilha, que se diversificam de local para local resguardando seu caráter específico regional.
Quanto a Indumentária
Há danças que exigem uma caracterização específica determinada pelos componentes culturais somado ao poder aquisitivo ou ao valor estético dos participantes. Frade (1991) cita o Retimbão do Pará, a Dança de São Gonçalo em Sergipe e o Manuel do Rosário em Alagoas como esquadradas nesta característica. A indumentária das “Prendas” dos pampas gaúchos deve também ser lembradas, assim como a “Capoeira”.Sabe-se, entretanto, que a maioria das danças folclóricas brasileiras ou populares, prescindem desde aspecto e seus participantes trajam-se como roupas de festa comum ou de festas sociais.
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